Reconstruindo o passado emocional dos clientes Eric Kandel–> Acima (à esquerda – Milton Erickson) O jovem Erickson (in College) – acima
“Não tenho amigos, vivo sozinha e sou muito sem graça para me casar. Decidi procurar um psiquiatra antes de cometer suicídio. Vou tentar por três meses, e então, se as coisas não se endireitarem será o fim “. Estas foram as palavras de uma jovem de 20 anos para Milton Erickson…
Por outro lado o prêmio Nobel em fisiologia ou medicina no ano 2000, Eric Kandel, nos fornece dados consistentes sobre a memória para embasar a psicoterapia e a hipnoterapia.
A estratégia usada por Milton Erickson neste caso clássico é uma combinação de habilidades técnicas e uma sensibilidade em relação aos dilemas e sofrimento humanos que nos remete a uma série de questões epistemológicas.
A primeira está na relação entre o conhecimento teórico e a prática. Milton Erickson, além de ter um domínio enorme das técnicas psicoterápicas e hipnoterápicas, possuía uma percepção aguçada em relação aos dilemas humanos, fruto de seus estudos e de sua prática diária consigo mesmo, em virtude de sua luta com a poliomielite.
Algumas pessoas que o conheceram o descreveram como alguém possuidor de uma intuição incrivelmente poderosa, por exemplo, o Dr. J. Fink conta uma passagem em que outro médico disse que Erickson era abominavelmente intuitivo porque em apenas 30 segundos observando uma paciente havia acertado o diagnóstico que custara três meses a este médico. Esta entrevista na íntegra consta na obra “O HOMEM DE FEVEREIRO” de Milton Erickson e Ernest Rossi. Aliás, esta obra fantástica é a tentativa de explicitar a metodologia e as técnicas empregadas por Milton Erickson em um único caso clínico que foi batizado pelo nome que deu título ao livro. O subtítulo – Evolving consciousness and identity in hypnotherapy, em tradução livre: expandindo (evolving, o sentido de evoluindo também é necessário) a consciência e a identidade em hipnoterapia, (in hypnotherapy, portanto, usando a hipnoterapia).
Exatamente, neste caso, se mostra como se usa a regressão hipnoidal de uma forma elaborada, elegante e eficaz. Isto exige o conhecimento das particularidades de cada cliente. Aquilo que J. Zeig chamou de “A posição do cliente” no referencial clínico e epistemológico denominado “O Diamante de Erickson”. Tal esquema pode ser lido em outro artigo neste site através deste mesmo nome. Tive a possibilidade de aplicar tal metodologia e técnicas em alguns casos para remodelar interpretações, percepções e afetos. Realmente funciona e mudou os rumos da vida de várias pessoas.
O tema da resiliência, por exemplo, era aguçado e lapidado dia após dia na própria vida de Erickson.
Logo, ele percebeu que a memória teria mais do que a função de armazenar dados, pois o sentido do tempo usado pela mente consciente (passado->presente->futuro) se processa emocionalmente no inconsciente, ou seja, a linguagem do cérebro é analógica e na mente inconsciente as conexões emocionais têm um enorme peso podendo ligar eventos distantes no tempo instantaneamente.
Um símbolo ou um aprendizado sempre têm uma carga emocional vinculada. Donde Erickson percebeu a importância de se regredir no tempo emocional para se proceder a reconstrução das memórias que simbolizam os problemas, e assim alterar a carga emocional vinculada a certas lembranças.
Logo, quando Milton Erickson fazia uma regressão com seus clientes ele sempre procurava dar um jeito de colocar algo mais ali, ou seja, não apenas regressar ao passado mas colocar nestas lembranças novos recursos, ângulos novos de observação. Em certo sentido, isto é exatamente o que as pesquisas sobre a neuroplasticidade apontam hoje.
Com o treinamento se pode mudar o cérebro, não apenas a mente, conforme as pesquisas em neurociências apontaram (Ver Treine a mente, mude o cérebro, de Sharon Begley, ed. Objetiva, 2008).
A cada nova pesquisa fica mais evidente que não só o cérebro afeta a mente, mas a mente pode afetar o cérebro.
Se você pode ver o passado através de novas lentes, com mais recursos, você certamente irá modificar os sentimentos em relação aos eventos. Um pai ou uma mãe percebidos como analfabetos e cercados pela vergonha dos filhos de apresentá-los perante a sociedade letrada, podem ser vistos com orgulho pelo sacrifício que fizeram para que seus filhos pudessem aprender a ler e escrever. O ódio sobre uma mãe que abandonou seu filho, pode ser percebido como a consciência de alguém que não tinha meios de criar um filho e preferiu entregá-lo a um orfanato ou a alguém com mais condições. São decisões difíceis que só quem está naquele momento vivenciando o presente, com os recursos disponíveis, diga-se, pode experimentar.
Estudar M. H. Erickson é aprender a não julgar os outros, é aprender que todo e qualquer comportamento, por mais estranho que pareça pertence a gama de possibilidades humanas. Milton Erickson ensina muito sobre a aceitação incondicional que Carl Rogers também indicava como princípio básico de conduta para os psicoterapeutas. Aceitar o cliente como ele é, e depois tentar ampliar e/ou modificar uma conduta.
Pacing (espelhar) e leading (guiar) são os nomes que R. Bandler e J. Grinder deram a isto, entrar no ritmo do cliente e depois guiá-lo.
O campo da psicoterapia sempre teve seus ícones , como S. Freud, C. G. Jung, A. Adler e H. S. Sullivan, F. Perls, A. Ellis, A. Beck … Cada um deles, a sua maneira, deu contribuições notáveis ao campo, porém agora a psicoterapia conta com os avanços das neurociências.
O estudo do cérebro e da mente, as pesquisas sobre a neuroplasticidade, tudo isto nos remete a só uma conclusão… É preciso sistematizar o conhecimento para uma análise das contribuições e dos caminhos (rumos) que a psicoterapia deverá tomar.
Por exemplo…
Vilayanur Ramachandran, em sua fascinante obra Fantasmas no cérebro: uma investigação dos mistérios da mente humana (ed. Record, originalmente publicada em 1998, traduzida em 2004, prefaciada por Oliver Sacks, e escrita em conjunto com a jornalista especializada em neurociências Sandra Blakeslee), nos diz que quando se estuda os casos de paralisia os clínicos acabam se deparando com o fenômeno da anosognosia (desconhecimento da doença).
Este fenômeno foi observado por J. F. Babinski em 1908. (op. cit., p. 170).
Foi assim que Ramachandran acabou se deparando com as idéias de S. Freud sobre os mecanismos de defesa, como a negação, as racionalizações e assim pensou na possibilidade de testar algumas destas idéias.
Remeto o leitor a sua obra, garanto que não irá se arrepender.
O intuito deste excerto é por um lado instigar a curiosidade (pacing) e por outro levar (leading) o leitor a ampliar seu conhecimento lendo as obras aqui citadas. Pode-se dizer também que há um terceiro propósito, introduzir as contribuições dos pesquisadores da memória, em particular a obra de Eric Kandel.
Recomendo fortemente a leitura de sua excelente obra… Em busca da memória… Há um vídeo, onde se faz um bom apanhado da obra disponível no YouTube
Carpe diem, quam minimum credula postero, é uma expressão em latim que significa “aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã”. A frase foi escrita por Horácio Flaco (65 a.C.- 8 a.C.), poeta e filósofo da Roma Antiga, no livro “Odes”, uma das obras mais importantes da literatura universal.
A hipnose é uma técnica, e como toda técnica tem seu aspecto problemático se for mal aplicada. Os riscos da hipnose são os mesmos que qualquer outra técnica mal utilizada. Um açougueiro experiente percebe quando um novato usa mal o facão e estraga a peça de carne. O facão é a técnica. Donde o velho ditado: a técnica certa em mãos erradas faz da técnica certa a técnica errada. Logo…
É importante que os profissionais estejam habilitados em relação ao uso da hipnose, isto é, ao se fazer uma intervenção é preciso conhecer a metodologia e as teorias que sustentam as técnicas. Logo, o uso de qualquer técnica só pode ser seguro se houver competência da parte do técnico ou profissional responsável.
Lembrando que estes argumentos servem para quaisquer técnicas é preciso se entender que o campo da hipnologia (os estudos teóricos sobre a técnica hipnoidal, a hipnose propriamente dita) possui ligações com outros ramos importantes do saber. O conhecimento da psicologia, especificamente das psicoterapias, e amplas noções sobre o psiquismo humano em seus aspectos interculturais, religiosos e familiares fazem-se necessários porque cada cliente tem seu modo particular de agir e ser.
Assim, um profissional que resolva hipnotizar alguém durante uma psicoterapia deve ter claro para que está fazendo aquilo, o que pretende conseguir e também os obstáculos que poderão surgir. É fato que existem pessoas que têm mais problemas que outras. Com este tipo de cliente, que possui, por exemplo, uma síndrome dissociativa, a dificuldade será maior exigindo experiência do profissional como em qualquer outro campo. Um engenheiro capacitado para construir uma casa sabe a diferença que existe se tivesse de construir uma represa ou uma usina nuclear. Portanto o profissional deve estar capacitado para aquele caso em particular. Se alguém tem experiência com psicoses, fobias e drogas e também com hipnose certamente seus clientes terão um serviço de qualidade.
Resta informar que toda técnica é usada dentro de uma metodologia, e esta metodologia é sustentada por uma teoria, que por sua vez tem explícita ou tácita uma visão de mundo (Weltanschauung) sobre os valores, sobre as pessoas e suas índoles e capacidades.
Mais abaixo, na segunda parte, seguem alguns esclarecimentos sobre a hipnose. São temas que preocupam as pessoas e que elas muitas vezes não verbalizam nos consultórios, mas que o clínico experiente deve perceber e dar um jeito de ir respondendo ao modo não-verbal. Diga-se que também há clientes que perguntam quando percebem que a hipnose poderá ser usada.
Evidentemente, para o profissional bem informado sobre este campo chega a ser respeitosamente hilária esta preocupação dos clientes porque o uso formal da hipnose, isto é, quando se cria um ritual para relaxar, etc. é apenas um dos usos da hipnoterapia e este é bem mais fácil de ser percebido. Quando se usa a hipnose ericksoniana entretanto, se permite o uso “informal” da técnica. Assim, durante uma “simples” conversa pode estar em andamento um jogo de metáforas e palavras, ritmos e contextos emocionais, técnicas de ancoragem, visando modificações no quadro clínico que o cliente nem percebe porque ele não sabe que aquilo é hipnose também.
Apenas um exemplo de minha safra: certa vez, atendendo uma criança que tinha medo de gato…. Quando ela me contou isto sua face mudou, sua voz foi quase um sussurro, misturando vergonha, medo e perplexidade. Bem… Aconteceu que na hora de eu falar gato, espirrei (e aí aproveitei para dar um espirro especial; é difícil descrever certos comportamentos cômicos, então apelo para a imaginação do leitor, eu sacudi a cabeça e as bochechas, não sei por que fiz aquilo, foi impulsivo, talvez para ocultar “minha falha”, certamente Freud teria as explicações).
Bem… A criança que estava séria naquele momento, pois havíamos começado a falar do seu problema, deu uma risada… Então, eu usei isto e quando fui retomar o assunto gaguejei propositalmente… “Bem, que maldito é este bicho, você gostou não é? Fui falar ga..ga..ihh!..ga..ga… ô diabo… Não, você não tem medo de diabo ( e ela ria com minhas trapalhadas), você tem medo de gago… ( Pausa para ela perceber, e cair na gargalhada de novo)…
Gago não! Gaaaaa…to. Pronto consegui! Começamos os dois a rir muito e então eu peguei uma revista que tinha uma foto de um gago e fui abrindo devagar, meio que escondendo o que tinha dentro, olhando enviesado, de modo que só eu via…Como alguém num jogo de cartas que puxa uma carta e faz um suspense sobre a mesma dando a entender que há algo importante ali, eu ia fazendo cara de espanto (isto espelhava -pacing- a perplexidade dela ao falar gato) misturada com uma fisionomia cômica (esta era uma nova associação, ou seja, eu criei uma âncora cômica em relação ao objeto fóbico).
A criança espelhava as minhas fisionomias e quando eu abri a revista dei um espirro e praguejei contra o gago, ela riu muito. Fazendo o mesmo que o leitor atento, ela gritou… “Você errou, não é gago e sim gato!” (O leitor percebe o erro duas vezes – “errata: leia-se foto de um gato”).
Bem, isto é hipnose. Lá estava ela pronunciando o nome fóbico sussurrado antes de uma maneira nova, rindo e me corrigindo. E pegando a revista com o gato para me bater e me corrigir enquanto eu propositalmente insistia no erro.
(Catarse?!, pode ser, rss)
Neste caso existem associações de emoções, humor (o leitor que já viu o cômico José Vasconcelos imitando um gago pode imaginar a cena, é claro que eu sou melhor que ele, risos) , que acabam implodindo o objeto fóbico.
A tensão da fobia e da própria situação de enfrentamento desta é descarregada através do uso da revista para bater no terapeuta e o corrigir. Num nível simbólico não se pode esquecer que o gato está dentro da revista e dominado pela mão da criança que bate com ele no terapeuta trapalhão. Muitas análises podem ser feitas, mas este não é o objetivo deste artigo.
Para finalizar esta parte pode ser que certos ditados tenham sido corrompidos com o tempo, por exemplo: “Quem não tem cão, caça com gato… Talvez fosse: quem não tem cão, caça como gato… Ou seja, sozinho!”
E, como dizem também que a curiosidade matou o gato espero que o leitor se contente com as explanações acima sobre o caso, mas se quiser saber que fim levou o caso…
A mãe da criança disse que o problema era com os gatos de rua e um gato do vizinho em particular.
Bem, após esta e mais umas três outras sessões a criança não mais se importou com os gatos e eventualmente os achava engraçados, chegando mesmo certa vez a urinar na direção de um gato quando ele se aproximou dela num passeio em um bosque.
Celsius Luganus
O leitor atento agora já entendeu que a criança era um menino!
“As crianças estavam fazendo pipi num canto, quando um gato foi passar lá por perto”, disse a mãe. Ele então girou e tentou acertar o gato que fugiu.
Eu e a mãe rimos muito. Se um dia ela ler este artigo talvez torne a me ligar porque em uma das sessões usei metáforas sobre os significados de gato… Ela talvez não tenha entendido o que estava fazendo, deve ter pensado, psicólogos são um tanto doidos mesmo, para que ele está me contando tanta coisa sobre gatos?, o problema aqui é o medo de meu filho…
Mas, eu continuava falando sobre os significados de gato…
Pateta é um gato
O gato como galã… “Ele é um gato!”
Ou gatos como animais usados nas seguranças dos templos tibetanos, ou adorados no Egito…
E também introduzi uma conversa sobre esta vergonha de um menino ter medo de gato.
Ter medo de gato ou de qualquer outro animal é algo esperto e o nome não é vergonha, mas sim respeito (reenquadrei, técnica “reframe”).
Eu disse ao menino que devemos respeitar os animais e que em algumas situações eles se sentem desrespeitados e agem exigindo respeito, mas “se eles nos desrespeitam e nos deixam alertas, alguns chamam isto de medo (disse-lhe isto casualmente, mas dando tempo para captar), então devemos agir.
E os meninos neste ponto têm uma vantagem sobre as meninas porque mesmo se forem pegos com as calças na mão, isto é, de surpresa, eles podem mirar o “fuzil” e disparar”. A mãe não sabia mas a ideia de “fuzilar” o gato com xixi fora embutida pelo terapeuta. Afinal…
Crianças adoram pequenas transgressões e riem muito, porém a metáfora foi literalmente usada e ele tentou fuzilar aquele gato que o desrespeitou no ato de pipizar, isto é urinar.
II Parte – Temas que preocupam os leigos sobre a HIPNOSE.
Quando alguém é hipnotizado perde a consciência?
Não. A sua mente consciente irá permanecer alerta o tempo todo e mesmo em um transe profundo (seja lá o que isto for), a mente consciente irá estar vigilante em caso de transgressões de sistemas de valor.
O cliente fica dominado pelo hipnotizador?
Não. Toda hipnose é sempre auto-hipnose. Necessita haver uma relação de confiança entre as pessoas, se o código de valor for ameaçado a pessoa sai do transe imediatamente. O hipnotizador é um guia ao estado de transe.
Portanto, os conceitos morais do cliente não podem ser deturpados, pois quando o são o transe hipnótico é interrompido.
Ninguém aceita sugestões que entrem em conflito com seu código de ética, crenças e valores morais.
Certas percepções podem ser mudadas, mas a sua ética subjetiva não se altera, assim se o hipnotizador diz que um revólver é uma maçã inofensiva o sujeito sai do transe.
Imaginando situações fictícias… Se houvesse um crime oriundo desta prática, seria porque a pessoa hipnotizada realmente queria matar a outra e aproveitou-se da situação, assim com também o hipnotizador, que é claro não tem princípios éticos e morais, não fazendo jus ao título de profissional.
E no caso de um comando para a pessoa fazer sexo com o hipnotizador?
Da mesma forma, se alguém recebe tal comando e faz sexo é porque queria fazer sexo, senão sai do transe e processa o profissional ou cai fora dali o mais rápido possível. E, se fizer sexo, estará caracterizado um abuso profissional dos mais graves, digno de punição exemplar para o profissional, que se valeu de seus conhecimentos para seduzir o cliente. Historicamente a hipnose “de palco” sustentou este mito ao substituir padrões de percepções (cebolas ou limão por maçãs – em sabor – por exemplo, para efeitos de diversão) , mas é importante que se saiba que não se consegue, por mais hábil o hipnotizador, dominar condutas conflitantes e transgredir códigos morais.
Alguém pode ser hipnotizado se não quiser?
Não. Imagine que alguém resolve ir ao teu consultório só para te desafiar, e diga “duvido que você me hipnotize”… Agora imagine que alguém te pede uma carona de carro e então te diz “duvido que você transe comigo!” É óbvio, comparando as situações, que existe um desejo latente de que aconteça aquilo. O transe hipnótico é um processo cooperativo. É um fato muito bem estabelecido que ninguém pode ser hipnotizado contra sua vontade e, mesmo quando hipnotizada, a pessoa pode rejeitar qualquer sugestão.
Qualquer um pode ser hipnotizado?
Superman em transe
Sim, mas somente se quiser. A única coisa necessária é o desejo de ser hipnotizado, ou permitir conscientemente que isto aconteça diante dos esclarecimentos do terapeuta do por que se irá utilizar esta técnica, quando a usamos formalmente. Pois, como no exemplo do menino e do gato, a técnica ericksoniana sugere outro modo de se pensar sobre a hipnose. Este uso é muito mais perigoso, se este fosse o tema, do que o uso ritual comumente conhecido. O uso ritual, para exemplificar, é aquele em que você percebe o facão na mão do açougueiro… Na modalidade psicoterápica influenciada pela hipnoterapia ericksoniana você não percebe que existe um facão, aos olhos não treinados o facão é invisível. Agora, do que você teria mais medo? A figura do facão é proposital para tentar se entender a comparação entre os dois usos da hipnose: o transe formal, que assusta alguns clientes e gera mitos e o transe informal.
Quais os obstáculos para a hipnose?
Certos estados, pessoas alcoolizadas, ou que usaram recentemente drogas com ação sobre a mente (opiáceos, estimulantes ou hipnóticos), ou então aquelas com níveis de inteligência muito abaixo do normal (oligofrenia).
Crianças pequenas podem ser hipnotizadas?
Sim, dependendo, da idade, uma vez que elas são muito imaginativas e acreditam e confiam muito, e que a linguagem do inconsciente é metafórica.
Existem vários métodos de indução ao transe, e a indução mais apropriada deve ser utilizada sob medida para aquela determinada pessoa, para a obtenção das metas terapêuticas.
O hipnotizador tem um poder especial?
Não. Muitos hipnotizadores tradicionais e os hipnotizadores de palco ainda sobrevivem deste mito, mas as habilidades do “sujeito” e sua motivação para a hipnose são muito mais importantes que a personalidade “magnética” do hipnotizador.
Milton Erickson sustenta que a hipnose na realidade é um poder (recurso) do “sujeito”, é um potencial do cliente. O hipnotizador é apenas um espelho a guiar o cliente ao estado de transe, e a explorar recursos que se encontram no inconsciente para fins terapêuticos.
Pode-se entender então que as sugestões usadas são para evocar recursos inconscientes latentes já aprendidos, e não no sentido de colocar “sugestões” num inconsciente vazio, como hipnotizadores autoritários e arcaicos apregoam.
Portanto, a hipnose não leva as pessoas a revelar segredos ou compartilhar informações que elas não querem.
Se o hipnotizador for embora a pessoa ficará lá em transe, dormindo para sempre?
Não. Mesmo nesta absurda situação, do hipnotizador ir embora, ou no caso do medo de algo “dar errado no processo de hipnose”, a pessoa acaba saindo do transe naturalmente, via sono. Algumas vezes, como é muito agradável para o cliente ficar em transe hipnótico, a pessoa pode escolher ficar mais tempo em transe ao invés de retornar à vida “problemática” que enfrenta no dia a dia. Mas acabará voltando via sono natural em que a hipnose se transforma, ou as sugestões do hábil hipnoterapeuta.
Sobre o autor
Sem barba p/ por de molho
Celso Lugão da Veiga.
Professor adjunto da Universidade Católica de Petrópolis, aonde leciona desde 1981, e da UERJ, desde 1986.
Tem interesse numa vasta gama de temas: desde a filosofia da ciência e a história da psicologia até as inúmeras abordagens psicoterápicas e temas ligados à epistemologia, como a astrofísica e suas implicações filosóficas; é também responsável por cursos de extensão em Tanatologia (Psicologia da morte), psicoterapia e hipnoterapia.
Uma curiosidade, sobre o ditado: a curiosidade matou o gato.
Antigamente, na Idade Média, na época das grandes epidemias, na Europa, as pessoas tinham muitas crenças pois a peste negra transmitida pelas pulgas e moscas infectadas por bactérias dos roedores (ratos negros) dizimava as populações. Inclusive as brincadeiras de roda infantil atuais ainda trazem a lembrança de uma brincadeira surgida em Londres em 1665, durante a peste. Na canção original as crianças cantam “Ponham uma coroa de rosas, encham o bolso de flores”, simulam espirros (Atchim!Atchim!) e dizem “todos nós caímos”. As crianças simbolizavam as etapas da contaminação, os sintomas e a morte, a queda de todos.
Então as pessoas associavam o rato e também o gato preto, predador natural do rato, que também se contaminava com as pulgas e a comida infectada, então elas não gostavam de gatos, e aprendiam que os gatos pretos traziam má sorte. Assim preparavam armadilhas. A Curiosidade do gato realmente acabava levando-o a morte. Por extensão, a expressão “A curiosidade matou o gato” era então usada por líderes para inibir a busca do conhecimento e pregar mentiras.” Sem dúvida, é um recurso poderoso que pode banir a epistemofilia, o amor ao conhecimento. E assim é usado sempre que as autoridades, sejam pais ou políticos temem que seus subordinados sigam por novos caminhos, que para eles são percebidos como perigosos.
Malomar Edelweiss formou-se em 1942 em Direito pela Faculdade de Direito de Porto Alegre e em 1952 tornou-se professor universitário no Rio Grande do Sul na Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas, trabalhando como filósofo e diretor. Interessou-se por Freud e aprofundou seus conhecimentos estudando psicanálise didática em Viena com o escritorIgor Caruso. Acreditava que a teoria psicanalítica fazia parte do acervo do conhecimento psicológico.
A atividade clínica de Malomar desenvolveu-se assimilando os procedimentos psicoterapêuticos de Milton Erickson, enfatizando o uso da hipnose na psicanálise. Em 1982 começou a praticar a hipnoanalise e a hipnoterapia, constatando que o transe hipnótico é instrumento valioso tanto para agilizar o acesso ao inconsciente,quanto para o aumento da eficácia dos processos terapêuticos psicossomáticos usados. E em 1956 deu início ao Círculo Brasileiro de Psicanálise no Rio Grande do Sul e na cidade de Belo Horizonte em 1963, fundou o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, com três analisandos. É o primeiro analista didata de Minas Gerais, sendo considerado o fundador da Psicanálise nesse estado. Fundou o Curso e Grupo de Estudos de Hipnoterapia e Hipnoanálse, ainda em atividade em Belo Horizonte, para a formação de profissionais especializados no estudo da hipnose e na atividade clínica aliada ao seu emprego.
Seguidor das idéias de Freud, professor fala sobre as angústias que envolvem a sociedade
Psicólogo, psicanalista e hipnoterapeuta, Malomar Lund Edelweiss, teve duas linhas de formação básica: a jurídica e a filosófico-teológica. Tornou-se professor universitário em 1952, no Rio Grande do Sul, pela fundação da Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas, na qual assumiu a cadeira de filosofia, além do cargo de diretor. Apaixonado pelas idéias de Freud e autor do livro Com Freud e a psicanálise, lançado pela Editora Lemos, ele concentrou seus estudos nos fenômenos hipnóticos e se dedicou à prática da hipnoanálise e da hipnoterapia. Fundador do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, também criou o curso e o Grupo de Estudos de Hipnoterapia e Hipnoanálise, para a formação de profissionais especializados no estudo e na atividade clínica aliada ao emprego da hipnose na área de saúde. Em entrevista ao Bem Viver, ele fala sobre os benefícios da hipnoterapia no processo terapêutico e a resistência de determinados profissionais em aceitar práticas como a psicoterapia breve.
Qual é o principal legado de Sigmund Freud?
É imensurável o legado de Freud. O principal é a descoberta do inconsciente como uma realidade psíquica.
Quais são as principais funções da hipnose e da psicanálise?
Psicanálise e hipnose se complementam, daí o termo usado pelos hipnoanalistas: hipnoanálise. A meu ver, ainda é difícil para os psicanalistas clássicos ou ortodoxos entenderem isso. É algo ainda pouco divulgado. É sabido que Freud começou pelos caminhos da hipnose e, como era uma característica dele, nunca abandonava uma idéia. Sempre abria novas vertentes. Aconteceu com a primeira e segunda tópicas, por exemplo. E, hoje, retomamos uma idéia inicial de Freud, como diz o título de meu livro, sem nenhuma pretensão de me igualar a Freud, como uma continuação dessa idéia, já acrescida de todo o caminho percorrido pela psicanálise até os dias de hoje.
E o uso dessas práticas na odontologia e em outras áreas, por exemplo?
A hipnose nada mais é do que um estado de consciência alterado, no sentido de alter = outro, ou seja, diferente do estado de vigília ou do sono fisiológico. Nesse estado, o indivíduo fica permeável à entrada das sugestões hipnóticas. Sugestões que são passadas de maneira indireta pelo hipnoanalista ou hipnoterapeuta experiente, sério, honesto e, principalmente, competente. Na odontologia, como em diversas outras áreas, essas sugestões hipnóticas são passadas ao cliente em forma de truísmos, ou seja, verdades incontestáveis, que são ditas a ele no estado de transe hipnótico. Por exemplo: “Você está aí sentado nessa cadeira , respirando a seu modo, com os pés no chão, bem apoiados e pode sentir-se à vontade como preferir”. Assim você vai preparando o cliente para ir relaxando e entrando no estado alterado de consciência, o que facilita o trabalho psicanalítico.
Uma das suas referências é Igor Caruso. Ele criou o Círculo Vienense de Psicologia Profunda. Como foi sua experiência em Viena e qual o objetivo desse projeto?
Em 1954, a psicóloga Gerda Kronfeld e eu decidimos ir à Viena conhecer Igor Caruso. Ele criou o Círculo Vienense de Psicologia Profunda. O objetivo desse projeto foi conhecer e aprender a psicanálise. Fiz minha análise didática com o professor, assim como a colega Gerda, que ainda é viva, beirando os 100 anos. Voltamos ao Brasil, orientados por Caruso a fundar aqui o Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda, hoje chamado de Círculo Brasileiro de Psicanálise.
E o seu livro? Sobre o que trata?
O livro tem duas partes: a primeira é composta de artigos sobre temas clássicos, como relações objetais, o prazer, metapsicologia e algumas coisas desse tipo. Mas como ele ia ficar muito volumoso, resolvi abreviá-lo e coloquei alguns artigos que representam a minha transição sem deixar de ser psicanalista, para a volta ao uso da hipnose como um facilitador de tudo aquilo que a psicanálise trouxe em prol da restauração da saúde psíquica.
O que é o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais e qual a sua função?
O Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, fundado por mim em 1963, em Belo Horizonte, é filiado ao Círculo Brasileiro de Psicanálise. Sua função é formar psicanalistas. Isso inclui, a freqüência aos seminários ministrados por analistas, didatas, receber supervisões e apresentar trabalhos.
Por que ou do que sociedade está doente? Por que alguns médicos são tão avessos a práticas como a hipnose?
É uma pergunta um tanto ou quanto difícil de responder. Mas, se olharmos à nossa volta, veremos que já estamos vislumbrando progressos notáveis, na área da saúde física ou mental. Não é debalde que a medicina psicossomática está evoluindo a olhos vistos. Os médicos e profissionais da saúde, que antes eram avessos a práticas como a hipnose, estão, devagarinho, se aproximando.
Em 1956, no Rio Grande do Sul, deu início ao Círculo Brasileiro de Psicanálise. Em 1963, em Belo Horizonte, fundou o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais. Foi o primeiro analista didata neste estado. Após desligar-se das instituições que criara, fundou o “Curso e Grupo de Estudos de Hipnoterapia e Hipno-análise”, exerceu suas atividades em Belo Horizonte até os seus últimos dias, para a formação de profissionais especializados no estudo e atividade clínica aliada ao emprego da hipnose na área da saúde. Suas idéias sobre a interligação entre a psicanálise e a hipnose estão expressas no livro “Com Freud e a Psicanálise, de Volta à Hipnose” (1994).
Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Vasconcellos
(A piada abaixo é um belo exemplo da metodologia de utilização, conforme definida por M. H. Erickson)
Em 1964, ao retornar de uma viagem a Los Angeles, José Vasconcellos teve a ideia de construir a “Vasconcelândia”, um parque temático numa área de um milhão de metros quadrados, no município de Guarulhos. Investiu todos os recursos que obteve ao longo da vida artística, sem obter nenhum apoio oficial. No entanto, o projeto fracassou e quase o levou à falência.[4]
Continuou trabalhando na TV, em papéis como o do gago Rui Barbosa Sa-Silva na Escolinha do Professor Raimundo, além de se apresentar em casas de espetáculos por todo o Brasil.
Em 2009, foi lançado em DVD o documentárioEle É o Espetáculo, do cineasta Jean Carlo Szepilovski, uma homenagem ao conjunto de sua obra. Narrado pelo próprio humorista, apresentava depoimentos de Jô Soares, Chico Anysio e trecho de filmes e programas de rádio e TV em que atuou durante a carreira.
Seu último personagem no cinema foi Barbosa, no filme Bom Dia, Eternidade (2009). Afastado da televisão devido ao mal de Alzheimer, passou seus últimos anos em sua casa na cidade de Itatiba, interior de São Paulo.
Morreu em 11 de outubro de 2011, em decorrência de uma parada cardíaca.
Conversas de um ateu com Deus sobre o paradoxo altruístico
Em 02 de agosto de 2014
Copyright by Professor Celso Lugão da Veiga.
Ateu: “Olá Deus, como estás?” Deus: “Olá, meu querido, estou bem, obrigado.
E você? O que me conta de novo?”
“Sempre novas coisas… Certa vez fui atender a uma família, na qual o filho tinha tentado esfaquear o pai para entrar no quarto e pegar dinheiro para usar drogas; desnecessário perguntar se te lembras disto porque tens fama de ser onisciente, rs.”
“Bem, onisciente sim, mas… Nem sempre dá para chegar junto, são 13,8 bilhões de anos e uma extensão inimaginável de mundos para prestar atenção.
Deus prossegue (em geral em negrito): Às vezes, quando chego, o tigre já pegou o menino…
(Esclarecendo, o texto requer um certo conhecimento de situações históricas [o debate entre T. Huxley, o buldogue de Darwin, e o bispo Samuel (Sam) Wilbeforce] e outras situações, como por exemplo, o fato de que brinco escrevendo w³.psicoterapiaestrategica.com.br, w elevado à terceira potência, ao invés de www..psicoterapiaestrategica.com.br… Assim, Deus brinca com o ateu, ao escrever TH². para se referir à Thomas Henry Huxley. Da mesma forma existe uma referência ao Diogo, meu filho designer (também inteligente, rsss) que vive me dizendo… “Pai, este nome para um site é enorme, e não comercial… www..psicoterapiaestrategica.com.br….. O humor negro, ou humor afro-descendente, sobre a queda do cavalo de Samuel Wilbeforce é verdadeiro, dizem que Thomas Huxley teria dito aquilo ao saber da morte do bispo… “ A única vez que seu cérebro e a realidade entraram em contato… O encontro foi fatal”.) Um pouco antes eu até olhei, mas havia gente por perto filmando, não imaginei que ficariam constrangidos para agir e interferir… Isto não me sai da mente…
Vocês na Terra conseguiram rir além do esgar de nervoso, aquilo que o famoso Freud, (boa pessoa hein? Tirando aquele maldito vício de fumar, rs, também tenho senso de humor como sabes…)… Chamou de sublimação, foi um baita salto evolucionário…
Se acredito em Darwin?, rs.
Claro, foi um dos sujeitos mais gentis e preocupado com o próximo, bem diferente do Sam, o ensaboado. Aquele bispo era esperto, fiquei preocupado com o TH²…”
“Quem?”
TH²… Gostei quando você inventou aquela de w³psicoterapiaestrategica.com.br…
Meu caro ateu… Ouças teu filho que é designer, psicoterapia estratégica é um nome enorme, parece aquelas rezas que nunca terminam, rs…
Thomas Henry Huxley, rs.
Fui eu que agi lá. Disse-lhe baixinho, bem dentro do ouvido: “Thomas, pegue-o agora!”…
E ele detonou o bispo, “YES!!!”…
Bom, o tombo do bispo do cavalo não foi nada engraçado, mas não pude deixar de esboçar minha compaixão e humor com Huxley (grande sujeito), quando ele disse sobre o tombo do bispo Samuel Wilberforce: “ A única vez que seu cérebro e a realidade entraram em contato… O encontro foi fatal”.
Humor negro do THH, mas impecável, como sua inteligência sempre foi.
Bem…
Um deus sem senso de humor não é confiável… Mas, aquilo não foi nada engraçado, vi quando o menino parou diante da jaula do Leão e agi daqui (estou em Andrômeda, resolvendo coisas com Nacional Kid… Se ele existe? Captei vosso pensamento, viu? Um dos meus truques básicos, vocês psicoterapeutas aprenderam bem, rs. Claro que existe, a imaginação existe e é básica para a sobrevivência de todos nós)…Bem, o leão sossegou, bocejou, tu vistes? Acionei o parassimpático dele, como tu dizes aos teus clientes)… E aí vi o pessoal filmando e o menino indo para a jaula do Tigre…
Foi um segundo de distração… Imaginei que as pessoas iriam fazer algo, afinal esta sempre foi a minha mensagem desde o início, oração sem ação não muda o mundo… Ajudem uns aos outros.
Meditar acalma, prepara bons caminhos, mas não é igual à boa ação, fruto da meditação, uma ação estrategicamente pensada.
As pessoas filmavam e é claro que iriam interferir, então não me preocupei mais…
Porém, como naquele evento que gerou experimentos em tua área, o tal do psicólogo Bibb Latané, tu sabes, o tal caso Kitty Genovese… Em 1964, quando tinhas dez aninhos… Sei que se você estivesse lá agora, um adulto, irias agir, mas aquelas pessoas não agiram..
Foi a mesma coisa do Tigre e do garotinho…
A mesma coisa… Vi as pessoas acendendo as luzes, imaginei… Bem, elas iriam sair e agir, ajudar a mulher… E ninguém fez nada… E foram 30 minutos de suplício, uma carnificina, mais de 20 facadas e gritos de socorro… E, quando olhei de novo, não acreditei, ninguém fez nada…
Luganus diz: “Compreendo Deus, compreendo você… As pessoas ficam constrangidas, com medo de algo, sei lá do que , não percebem que diante da iminência da morte é fundamental a ação imediata…
Lembrei de um caso… A história da jornalista que foi seqüestrada no meio da rua por bandidos em São Paulo.
Os bandidos entraram no carro da jornalista e a fizeram dirigir por um longo percurso, mas não contavam que uma outra pessoa vinha logo atrás e ao observar a cena suspeita, logo telefonou para a polícia, que conseguiu resolver o caso.
Como na história de Kitty Genovese, morta a facadas, em 1964, no Queens, um bairro de Nova York. Como tu dissestes…
Em meia hora, Kitty foi perseguida pelo agressor e atacada várias vezes na rua enquanto os vizinhos nada faziam, envoltos em seus medos, em seus constrangimentos.
Nenhuma das 38 pessoas telefonou para a polícia.
Esse caso veio a se tornar um símbolo da frieza e da desumanidade da vida urbana em Nova York.
Abe Rosenthal, um jornalista que escreveu um livro sobre o crime, julgou essa atitude como típica das grandes cidades. Segundo ele, o anonimato e a alienação que marcam a vida nos grandes centros urbanos tornam as pessoas duras e insensíveis. Cada um cuida de si, assim não é julgado pelo comportamento de se intrometer na vida do outro… “Meta-se com a sua vida!”,… “Isto não é o lugar apropiado!”… “O pai deve estar por aí, se você for lá tirar o menino, ele grita, o pai aparece e ainda te constrange…”
O caso Kitty Genovese veio a se tornar fonte para outro estudo que tentou compreender o que dois psicólogos, Bibb Latanè e John Darley, chamaram de “problema do espectador”.
Pois é…(comenta Deus)
Kitty Genovese – Morta a facadas enquanto 38 vizinhos observavam a cena!!!
Depois disto, alguns psicólogos encenaram vários tipos de situações de emergência para ver quem apareceria para ajudar, por exemplo: fazer uma pessoa simular um ataque epilético em uma sala repleta de gente. O que eles descobriram, com surpresa, foi que o principal fator que influenciava a disposição de prestar auxílio era o número de testemunhas presentes.
Resumindo a grosso modo, eles chegaram a conclusão que quando as pessoas estão em grupo, a responsabilidade de agir fica difusa.
Um pensa que o outro irá agir… É aquela bola de vôlei que cai porque um deixa para o outro.
Supõe-se que o outro irá tomar providência ou que, como ninguém se mexe, o aparente problema não é de fato um problema.
Portanto, se não é problema seu, também não é problema meu e já que não é problema nosso, não é problema de ninguém e vamos continuar assistindo a nossa novelinha tranquilamente, enquanto as pessoas se matam, pulam de algum lugar, ou se matam ao lado, em casa mesmo.
Difícil saber se esse estudo teria o mesmo resultado aqui no Brasil, mesmo sendo um dos países com a pior distribuição de renda do mundo, somos um povo solidário, mas ainda não o suficiente para determinadas situações silenciosas onde a morte espreita; onde não percebemos que o silêncio pode encobrir atitudes mórbidas como os vícios… “Não, não irei falar nada para não me indispor com meu vizinho, com meu amigo, com meu parente, com meu colega de trabalho”.
Gostamos de ajudar as pessoas, damos o que não temos, ajudamos a reconstruir outros países enquanto semanalmente somos obrigados a assistir crianças e adolescentes se afundarem na criminalidade e nas drogas em nosso próprio solo, ao nosso lado, nas escolas e nas universidades….
O certo mesmo é que, a pessoa que salvou a jornalista, que estava sozinha, merece todos os méritos por seu ato heróico, por ter se sentindo impelida a agir , compelida a agir.
Então, Deus, como ateu, sem o sentido antropofágico, e o duplo sentido, rs… Como era o discurso de Paulo? Podes me lembrar?”
Deus: “Bem, me perguntas sobre o discurso de Paulo, aí vai…”
“Muito se tem usado, nos louvores clássicos ou contemporâneos, o termo “constrangimento”.
Luganus: Certo, para que não tenhamos mais dúvidas quanto ao uso bíblico e legítimo do termo “constranger” nas mensagens, poderias falar algo sobre isto?
Muitas coisas podem ser constrangedoras.
O significado desta palavra pode ter muitos sentidos.
Atualmente, quando ouvimos a palavra “constrangimento”, logo vem à nossa mente a ideia de embaraço, vergonha.
Deus prossegue: “Eu gostaria de chamar a atenção a outro significado desta palavra”.
Um significado que vocês podem encontrar em um estudo etimológico dela.
Notem que originalmente, esta palavra deriva-se do latim “constrígo”, que, mais tarde, recebeu o sufixo “ingere”, formando assim a palavra “constringir”, que significa “fazer pressão”, “comprimir”.
E esta, mais tarde, formou uma palavra de significação divergente, “constranger”, que quer dizer: “forçar”, “obrigar”, “impelir”, “apertar com força”.
Por isto a cobra jiboia chama-se “Boa constrictor constrictor”.
Assim, o Amor de Cristo é constrangedor… II Cor. 5.14: “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram”.
Deus diz: “Meu querido ateu Luganus, como brincas com teu nome, e como brincas!, gosto disto…
Que declaração mais contundente. “O amor de Cristo nos constrange”. Note Luganus…
Vindo da pena de alguém como o apóstolo Paulo, é muito significativo! O que aconteceu na vida do homem que fez tal declaração? Quem é Paulo? Não é o ex-perseguidor da igreja? O mesmo homem que arrastava pessoas violentamente aos tribunais e alguns para pena de morte, como aconteceu com Estevão?
Algo aconteceu…
“Dura Coisa é recalcitrares contra os aguilhões” (At. 26.14).
Foi com esta frase, e com uma luz mais intensa do que o próprio sol, que Saulo, o tenaz perseguidor da Igreja, foi confrontado com o seu pecado. Seu zelo ardoroso tornou-se na mais profunda miséria de sua vida. Tudo o que ele era, desmoronou-se… Ruiu, como que um monte de pedras que rolando do monte, formando terrível e avassaladora avalanche e um montão de escombros.
Aquele grande campeão de sua religião; um erudito e um prodígio; cheio de si mesmo, orgulhoso, derreteu-se como que se fosse uma manteiga diante de um maçarico.
Aquela frase “dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões”, foi muito marcante para o apóstolo de Cristo, que ao lembrar-se de sua condição passada, reconhece seu chamado pela graça de Deus: “porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça”.
Foi Paulo, que agora inspirado pelo Espírito, ao dirigir-se a uma Igreja que vivia muitas lutas e tribulações, que vez por outra envolvia-se em controvérsias e tropeçava em erros doutrinários, quem disse: ” O amor de Cristo nos constrange”.
O apóstolo sentia-se constrangido por esse amor, que conforme ele mesmo coloca em Efésios. “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida, juntamente com Cristo… Pela graça sois salvos”.
Paulo conheceu um amor tão profundo, que desejava que sua “largura, comprimento, altura e profundidade”, que, aliás, nem se pode medir, pois “excede todo entendimento”( Ef. 319), fosse pregado a todos os homens.
E eu, Deus, vos digo: “ Levas a palavra, meu caro ateu, tão querido és como os demais, que não entendem que um pai precisa descansar.
Já zelei e cuidei do Universo por mais de 50 bilhões de anos, breve vossos cientistas anunciarão isto, por causa desta matéria e energia escura irão rever os cálculos, e aí saberão que de fato conversas comigo, saberão de fato que sou eu mesmo que vos falo, o universo não tem apenas 14 bilhões de anos, rsss”.
“Ouças, Celso Lugão,… Paulo,( sei bem… É o nome de teu grande amigo, falecido por incompetência médica em Macaé)… Paulo afirmou ainda na epístola aos Romanos: “Mas Deus prova seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.
A Cruz, esse objeto repugnante, de tortura e dor, de miséria e sofrimento, de morte, foi o objeto do olhar de Paulo, para nela visualizar um amor tão grande e profundo que o constrangia, assim como as marcas do Tigre no menino crucificado pela inação das pessoas.
Nela ele pôde visualizar o Salvador, o Deus encarnado que se humilhou, fez-se homem, viveu vida santa e perfeita, e se deu por nós, não, sem antes, ser submetido à tortura da cruz.
Suas mãos trespassadas, seu corpo perfurado, sua angústia e dor profundas, a ausência do próprio Deus, por haver se tornado maldição e pecado, era algo que movia profundamente o coração de Paulo, a ponto de constrangê-lo.
O apertava de tal modo a situação que o impelia a agir, quase o obrigava.
Esse constrangimento gerou nele um senso de compromisso constante.
Luganus fala: Paulo diz que o amor de Cristo nos constrange.
O tempo do verbo está no presente , como se fosse uma ação pura – sem tempo para terminar- algo permanente, como o famoso Milton H. E. fazia com as palavras… Sim, o ilustre Erickson, o Sr. Hipnose.
Ao enxergar o amor de Deus, Paulo sabia se tratar de algo tão grandioso que excede a nossa compreensão.
A Palavra diz, em João 1.5 que “…Deus é amor”.
A Palavra diz também que Deus é eterno, portanto, meu amor é eterno.
Assim como eu, Deus, não tive principio, meu amor também não tem.
E assim como sou eterno, porque a imaginação é eterna, meu amor também não tem fim. A imaginação não tem limites. E assim o amor é eterno com Deus. Ele o é em Deus.
Eu vos escolhi antes da fundação do mundo “em amor” .
E, meu amor é o que é porque é! Trata-se de um amor gratuito, espontâneo, livre.
Enquanto em muitos de nós há tudo que poderia fazer Deus detestar-nos, Deus decidiu amar-nos, disse Paulo.
João Calvino afirma que “Deus nos amou enquanto nos odiava”, por causa de nossos pecados.
Como estas pessoas que olham e filmam o garoto mexendo com o leão até o seu encontro quase fatal com o Tigre, que lhe custou o braço, quase sua vida foi ceifada pela inação das pessoas. As pessoas que se fazem de cega, que não querem se comprometer, se responsabilizar.
Ouça, meu caro ateu, a oração ajuda mas o que de fato precisa este vosso mundo é a ação de pessoas saudáveis, sensatas… Levantai-vos ateus e religiosos de bem, uni-vos pois que a palavra é uma só e sempre será… Praticai a justiça social, não vos omitam, usem o amor que constrange, que aperta, que impele à ação posto que ao se omitirem permitem que pessoas sofram, como este pobre menino, um tanto tonto, mas ainda vítima da omissão de muitos adultos que mesmo vendo a possibilidade do pior acontecer se omitiram. Não deixaram de filmar, de conversar, mas não quiseram se meter. É estranho, eles alegaram se sentir constrangidos para agir.
Vá, leve a minha palavra… O constrangimento vem de um aperto, o que nos aperta e impele à ação pode ser a vergonha tóxica, pode ser a covardia, pode ser o medo do compromisso, pois quando impedistes aquele bêbado de vagar pelo trânsito, pois ele punha em risco a própria vida, a dos motoristas e dos transeuntes… Naquele momento te arriscastes… Ele podia ter te agredido, te contaminado, pensastes nisto? Sim, sei que sabias disto e tivestes cuidado. Mas você assumiu a responsabilidade de acompanhar e ficar até a chegada do socorro.
Portanto, as pessoas quando ficam constrangidas, se sentem apertadas, resta saber pelo quê?
Medo do compromisso? Medo de dizer a verdade e perder a qualidade da relação que julga ter com alguém? Sim meu caro ateu, julga ter esta qualidade, pois de verdade não a tem… “ Se eu disser isto perderei o amigo”… Daqui vos pergunto: “Que amizade é esta”?
Mas, quando te constranges por amor ao próximo, aí podes até enfrentar as vossas leis terrenas. Pois este é, portanto, um amor soberano, que não depende de vossas obras, de vossas regras.
Por isto Paulo disse: “Deus faz tudo conforme o conselho de sua vontade. O amor de Deus é um amor prático, pois Ele “amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito”… Ele deu seu filho. Ele agiu. Ele fez. Ele planejou e executou. Ele viu o problema do pecado e da separação eterna com o homem e planejou a solução, e a executou cabal e plenamente.”
E Paulo prossegue : “O amor de Deus materializou-se na pessoa, vida e obra de Cristo, seu filho unigênito. Seu amor é gracioso, por isso não poupou seu filho da miséria, da aflição, da dor, da humilhação e perseguição, por amor a seu povo”.
Assim, ao visualizar um amor destes, Paulo declara que esse amor nos obriga e nos impele, nos constrange.
O amor de Cristo é ainda um amor livre. Ele não depende do nosso amor “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro”, diz a Palavra em João 4.19.
O Amor de Cristo é como o próprio Cristo. Não muda.
Em Romanos se pode ler que “nada pode separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Olhe para a cruz. Contemple o amor de Cristo por você. Olhe para a cruz e veja na imagem do Cristo crucificado a maior expressão de amor de todos os tempos. O amor de Cristo é restaurador. Apelo contigo, como João apelou aos santos da Igreja em Éfeso que volte ao primeiro amor.
Ao único amor de sua vida. Lembre-se o que diz o texto bíblico em Jeremias 31.3: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.”
O Amor de Cristo é constrangedor, pois nos impele a viver uma vida de obediência e santidade…
A Escritura ensina em Hebreus que sendo Deus santo, somente aqueles que forem santos o poderão ver.
O amor de Deus nos constrange a buscar a santidade.
A nos separarmos do mundo, a tentar ajudar ao próximo mesmo que as leis dos homens impeçam. Lembra-se de Oskar Schindler? De Irena Sendler? Você sabe do que falo, meu prezado ateu, sabes bem que o silêncio, a inação diante de regras tolas e temporárias das nações deve ceder lugar à ação. Só assim vocês evitarão tragédias maiores. Diante da verdade, vos digo, não se calem, não se sintam constrangidos, apertados pelo medo ou pelo zelo hipócrita, como aquelas pessoas que disseram: “afinal o menino veio com o pai, ele tem pai, quem sou eu para chamar a atenção dele, ainda mais em público?!”; Eu não sabia o que iria acontecer, se soubesse que o tigre iria arrancar o braço do menino… Oh! Meu Deus, se eu soubesse, eu teria agido!”. E assim, meu caro e brincalhão ateu, incompreendido ainda serás por muito tempo, por muitos, mesmo os mais próximos, mas a verdade é que quando aquela mulher disse… Eu não sabia o que poderia acontecer, ela mentiu, ela mentiu para mim, e mentiu para si, como um viciado que nega seu vício, ela se omitiu e omitiu para tanto o pensar nas consequências de sua omissão. Foi relapsa, superficial para não se incomodar, as pessoas agem de maneira socialmente superficial e relapsa.
João diz que os que amam a Deus e são por Ele amados “não amam o mundo e nem as coisas que há no mundo.” Agora me entendes, ateu?
Eu vos digo: “Não amai vossos costumes e vossas regras acima dos grandes princípios universais da justiça social, da responsabilidade para consigo próprio e para com os demais, semelhantes ou não, plantas ou pedras, peixes ou aves.
O vosso planeta requer zelo de verdade, para frisar que há um simulacro, um zelo hipócrita.
Jamais se sintam pressionados por valores mundanos, por leis, por coisas e por costumes passageiros.. Fosse assim, Irena Sandler deveria ter se sentido constrangida a não agir, apertada para não agir, mas ela se sentiu incomodada e agiu, como Gandhi, como Thoreau, como Sendler, como Schindler, e como Janusz Korczak, pseudônimo do bom Henryk Goldszmit, que morreu no campo de concentração de Treblinka, em 1942, médico e grande educador , como tu te propões a ser, meu prezado ateu.
Lembro que devido ao prestígio conquistado, as autoridades nazistas chegaram a oferecer-lhe a liberdade, mas o bom Janusz preferiu acompanhar suas crianças no trem que as levou para a morte nas câmaras de gás.
Por isto, Paulo disse: “…o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.
O amor de Deus nos impele a nos conformarmos a “perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” como vemos nestes exemplos de pessoas que não fogem à responsabilidade.
O amor de Cristo nos constrange a fugir do pecado, porque entende que o pecado é uma afronta a Deus. É uma ofensa gravíssima ao Senhor.
Quem é que é capaz de ofender àquele que lhe é gentil?
Quem pode desprezar aquele que lhe salva a vida?
O senso de pecado invade o coração daquele que ama a Deus.
Ele tem um senso aguçado de sua própria pecaminosidade: “Pequei contra ti, contra ti somente pequei…” esse senso, porém, vem acompanhado de um arrependimento sincero.
O apóstolo Paulo afirma que o pecado não terá domínio sobre nossas vidas.
João afirma que o crente “não vive na prática do pecado”. Ou não é crente, se faz de crente.
Porém, quando peca, ele o faz porque perde de vista o amor constrangedor de Cristo.
Deixa de olhar para a cruz, e o amor de Cristo fica distante de seus olhos.
Muitas vezes o Senhor até permite isso, para que não esqueçamos que nossa justiça é “trapos de imundície” diante do Senhor.
Mas, João, diz que se o crente pecar ” tem Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.”
“Olhe para a Cruz. Contemple o amor de Cristo. Esconda-se à sombra do Onipotente. Ele declarou ao profeta Oséias , que a despeito do pecado de Israel, o Senhor o “tomou em seus braços, como um filho, e o atraiu com laços de Amor”.
Logo, o amor de Cristo nos constrange a amar a Deus e ao nosso próximo.
O Amor gera amor. Gentileza gera gentileza.
Deus nos amou primeiro, por isso nós agora o amamos.
O mandamento diz: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força.”
O amor a Deus subentende um amor pelo seu ser; pelos seus atributos; pelo seu caráter moral: sua bondade, amor, justiça, fidelidade, paciência, graça, misericórdia, justiça, ira, santidade.
O caráter de Deus é alvo de nosso amor. O Amor a Deus consiste em se alegrar nas coisas de Deus. A vida cristã não pode ser um enfado ou uma vida de negações. A santidade não é uma lista de “nãos”. Nós somos constrangidos a amar a Deus e as coisas de Deus com alegria e contentamento.
É a ciência que permite a cirurgia, salvar a vida do menino. O homem criou deus e a ciência, blasfêmia? Diga isto para a marca da vacina em seu braço. Ficas em paz, mas pense, a humanidade depende de uma séria postura contra o obscurantismo, pensamentos retrógrados e preconceitos oriundos das religiões. O povo não sabe a diferença entre o exoterismo e esoterismo, isto é o que traz de pior nas religiões, o fundamentalismo. Como disse o Dalai Lama, Tenzin Giatsu, se o budismo declara algo e a ciência declara diferente, que se mude o budismo. Por isto ele é o “cara”, a figura mais popular aceita em nosso século.
Esta história de celibato é besteira, nunca vos disse nada disto, amarás uns aos outros, também não quer dizer, “oba!, façam um bacanal”… Amai e respeitai uns aos outros… Sem sexo como teriam prazer? Sem prazer como teriam sexo?
São uma única coisa, um só processo. Portanto…
Mesmo a ira de um pai deve ser amada e venerada, significa que ele tentou nos persuadir, nos aconselhar, nos dissuadir de algo errado, e como não escutamos o Pai, resta a ira deste.
Nossa motivação para amar a Deus são os princípios elevados de seu caráter, que tanto estão nele como nos ateus e nos religiosos, ou seja, nas pessoas de bem.
Se nós amamos a Deus, haveremos de amar como Cristo amou.
Cristo amou os pecadores. Dedicou tempo e atenção a eles. Comeu com eles. Chorou por eles.
Assim, o amor de Cristo produz segurança e nos impele a servir…
Pois em sua oração ao Pai, afirma que aqueles a quem Ele amou, “foram guardados, protegidos e nenhum se perdeu…”
Diz ainda o apóstolo Paulo que “aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la.”
O amor de Cristo não muda, como já vimos. Ele não está sujeito a alterações de humor.
Nós podemos confiar plenamente no amor de Cristo, assim como vocês psicólogos falam na aceitação incondicional… Aceitação e concordância do lado saudável dos clientes, aceitação e discordância do lado patológico… Posso aceitar incondicionalmente que uma criança faça uma burrada como aquela que nem um burro faria.
Posso aceitar que um pai no zoológico se comporte de tal maneira; ou que as 38 pessoas de Nova Iorque que ouviram o pedido de socorro de Kitty se comportem daquela mesma maneira que as pessoas no zoológico que filmaram e viram o menino travesso… Posso aceitar incondicionalmente mas não concordar…
Fiquem de olho nos suicidas potenciais, naqueles que se embriagam de forma contumaz ao vosso lado, são vizinhos, são parentes, são alunos… São pessoas que fumam e se drogam bem na tua cara… Se sinta constrangido por amor a agir; eu, Deus, vos digo a palavra e repito…
Esse amor nos obriga e nos impele, nos constrange a agir.
E Paulo diz: “Se amamos ao Senhor, temos desejo de empregar tudo o que temos e somos no serviço do Senhor. Temos interesse na causa do reino d’Ele. Queremos ofertar as primícias de nossas vidas a Ele. Valorizamos e investimos bem os talentos que Ele nos confiou.
Paulo diz que somos embaixadores em nome de Cristo, para anunciar as boas novas. Amamos estar na casa do Senhor e nela servir.
O Amor de Cristo nos constrange. Olhe para a cruz de Cristo com novos olhos meu prezado ateu, gora que te expliquei, ainda é pavoroso ,como o braço do menino arrancado, mas é esta consequência que te impeliu a agir no caso daqueles dois garotos que pediam por socorro na lagoa, distantes demais da costa. Tu fostes até lá, para descobrir que ar brincadeira de mau gosto. E o que fizestes? Lembro bem, os pusestes de volta sob ameaça de aí sim, se afogarem de verdade. Choramingando pediram consolo ao pai, não a mim, rs, ao pai deles. E o que o mesmo falou? Lembras? Eu sim. “Meus filhos não correm perigo, são campeões de natação!”
E o que dissestes?: “Se o senhor os ama”, não eu, o pai deles, rs,”deveria ensiná-los que pedir socorro dentro d’água de brincadeira é proibido, é regra de ouro de bons nadadores.”
Então… Meu prezado e querido ateu…
Podemos contemplar o amor e a benção que fluem da maldita Cruz. Trema diante da ira de Deus por causa do pecado e admire o seu doce amor. Pois, podemos encontrar ambos naquela Cruz terrível, ou nas feridas no braço do menino, ou no corpo inerte do colega de escola que se atirou do alto, ou na frente do trem das drogas.
Filme: O Coração Corajoso de Irena Sendler
Baseado na verdadeira história de Irena Sendler, uma assistente social polaca que durante a Segunda Guerra Mundial ajudou a salvar cerca de 2500 crianças Judias, contrabandeando-as para fora do Gueto de Varsóvia. Depois ela acabou presa pelos Nazistas.
A Lista de Schindler
Sobrevivente do Holocausto em depoimento completamente diferente e eletrizante
Sr. Michel Dymetman (hoje com 89 anos) é um daqueles personagens que, se não existisse, teria mesmo de ser inventado. Sua história, embora pareça de um filme, ocorreu na realidade. Sobrevivente do Holocausto e filho único, ele, que morava na Bélgica, conta a sua epopéia em sua criativa e inteligente fuga – junto com o seu pai – pela França. Chegou à Espanha e à Suiça, mas não conseguiu entrar. Acabou sendo levado, juntamente com o seu pai, ao Campo de Concentração. Reencontrou sua mãe lá onde, com identidade falsa, ludibriou os nazistas passando-se por tradutor, cozinheiro e até médico (entre outras), com tão pouca idade à época. Com emoção, mas também com muito bom humor, ele fala de coração e atinge, profundamente, a alma dos ouvintes. Suas palestras costumam durar cerca de duas horas e meia a três e ninguém sequer pisca de tão interessante. Vale a pena ouvirem um pouquinho do que ele fala aqui, ler seu livro (que é gratuito e está disponível pela internet através do site: http://www.anosdelutas.com.br/livro_a…) e também o convidarem para uma palestra. É muito bacana vermos a organização de seu raciocínio e o enredo eletrizante que magnetiza a audiência. Entre inúmeras passagens interessantes, está como ele fugiu do campo, em uma das vezes, escondido no feno (foi de uma forma muito criativa, corajosa e inteligente) e como o conseguiu resgatar uma nota de 500 dólares e um broche engolidos por seu pai para esconder dos nazistas e que, depois de consertada, ornamentou o vestido de sua neta em seu casamento…
Shemá Primo Levi
Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não
Considerai se isto é uma mulher
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no inverno.
Meditai que isto aconteceu
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração.
Estando em casa andando pela rua
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
Responderei a 1ª pergunta, pois a resposta para a segunda está publicada neste site num artigo dizendo o que penso sobre tal movimento; recomendo em especial que se leiam as posições de Noam Chomsky (que comparo em sua sensatez à Bertrand Russel) e Richard Dawkins.
E também irei colocar no site outros artigos sobre esta 2ª pergunta.
Quais foram as vossas impressões sobre o X Congresso de Hipnose ocorrido na UERJ?
Bem, o Projeto de Extensão de Psicoterapia Estratégica participou do X Congresso de Hipnose na UERJ (de 28 a 30 de junho de 2012) de várias maneiras. Ajudamos na organização, inclusive convidando nossos estagiários e ex-alunos, que fizeram um excelente trabalho de apoio, desde as inscrições até o suporte para os palestrantes; apresentamos também dois trabalhos: um exposto por mim, Improvisação, hipnose e psicoterapia e outro pela Prof.ª Tamine J. Lean, A Importância do uso da metáfora na hipnose Ericksoniana.
Bom… Não assisti a todas as palestras, portanto só posso comentar algumas que me chamaram a atenção. No geral, as palestras cobriram um vasto leque de aplicações da hipnose e os palestrantes mostraram seus esforços para auxiliar seus clientes.
Apreciei as palestras das Dras. Célia Martins e Adriana Fiszman, envolvendo o tema da Imobilidade tônica. O Dr. Rui Fernando Cruz Sampaio do Laboratório de Hipnose Forense, do Instituto de Criminalística do Estado do Paraná, que falou sobre a Hipnose e o transtorno de conversão, também apresentou um trabalho claro, no sentido de não se valer de idéias místicas ou de idéias que fazem uma confusão sobre os princípios da ciência, gerando a tal da pseudociência. Realmente não precisamos de mais confusão nos campos da hipnologia e da hipnoterapia. Lutamos por banir uma série de práticas tendenciosas e não podemos permitir o retorno destas confusões. Ainda hoje, a despeito dos Conselhos Federais de Medicina e de Psicologia, temos que nos manifestar contra a hipnose de palco, prática considerada equivocada por motivos clínicos e éticos. Ao longo dos anos, na história da hipnose, afastamo-nos do misticismo, vigiamos o charlatanismo e o enquadramos em leis, então temos que ter muito cuidado com as nossas práticas e com as mensagens que passamos para os nossos clientes e para a sociedade. A ciência tem uma responsabilidade social enorme, portanto, devemos evitar um retrocesso…
Tentando explicar melhor o que percebi no Congresso…
Houve um debate no final do mesmo, do qual participei, que me permite tecer comentários pontuais; talvez eu tenha provocado este debate por ter conversado com algumas pessoas, tanto da platéia quanto de palestrantes que reivindicavam uma palavra de ordem sobre o campo da hipnologia em virtude de alguns poucos trabalhos que apresentaram propostas confusas, místicas e/ou pseudo-científicas.
Richard Feynman: Pseudociências (Legendado)
Por exemplo, encontrei-me com uma colega após termos assistido a uma confusa apresentação em que o palestrante falava do uso de médiuns para auxiliar seu trabalho (Sic). Ela estava chocada, pois era a primeira vez que ela participava de um encontro sobre hipnose. Disse que ficou irritadíssima e me perguntou se “hipnose era aquilo… Como permitiam tais trabalhos num congresso?”, ela indagou. Naturalmente, não sendo da comissão científica de seleção de trabalhos eu não poderia responder.
Houve também um “trabalho” no qual o expositor fez uma verdadeira salada usando termos, conceitos e temas da física para dizer algo sobre hipnose que só ele deve saber. Em geral tais pessoas citam os conceitos de relatividade de Albert Einstein, o princípio da incerteza de Werner Heisenberg… Falam sobre holografia, física quântica, e não localidade, como se entendessem algo disto, como se isto tivesse abalado toda a estrutura científica e permitido uma visão mágica do universo. Esquecem estas pessoas que tais temas são fruto da pesquisa científica e que apenas os especializados em matemática podem alcançar tais idéias e suas aplicações. É bem conhecida a colocação de Richard Feynman… “Se você pensa que entende física quântica é porque não entende física quântica”. Creio que ele iria achar bem divertido e demolir alguns destes palestrantes se estivesse presente no congresso. Era um sujeito que pensava e produzia conhecimento o tempo todo e não dava tréguas ao charlatanismo, ao pensamento ingênuo, ou a pseudociência.
Richard Feynman – Deus provincianos demais.
Voltando ao debate final… Pelo que percebi existem muitas confusões sobre a atividade científica, um dos colegas chegou a me perguntar durante este debate, num “portunhol”, “De que ciência tu hablas?”. Respondi, mas não sei se ele ouviu: “Da única que existe, não existem duas formas de ciência!”.
Pode haver e tem que haver conflito de paradigmas, de teorias, pois isto faz parte da ciência, é assim que ela avança, resolvendo os conflitos através da pesquisa, usando a metodologia científica.
Enfim, ele me pareceu uma boa pessoa e bem intencionado para com o próximo enquanto clínico; entretanto revela uma confusão perigosa… Imaginem um pesquisador que seria capaz de fazer um experimento que… Pela ciência “a” faria o remédio curar a pessoa… Pela ciência “b” aquele remédio mataria a pessoa.
É um absurdo! Algumas pessoas devem ter visto o mesmo seriado de televisão que eu quando criança… Perdidos no espaço, só que ficaram por lá, perdidos no espaço… Confundindo ciência com ficção científica… Assim, pela “ciência da ficção” no espaço sideral se escuta cada coisa, rs.
Pela ciência talvez seja mais difícil se escutar algo no espaço sideral. (Não há propagação de som no vácuo, assim os cientistas têm que usar sistemas complexos de amplificação para “ouvir” os sons do Universo).
Portanto, posso apenas tecer comentários e propor reflexões como no caso do uso da palavra quântica vinculada à hipnose. Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, a Física deslumbrava o mundo com as descobertas sobre a eletricidade e o magnetismo. Surgiam os fundamentos da termodinâmica e do eletromagnetismo, então, no século XVIII, F. A. Mesmer atribuiu os efeitos da hipnose ao magnetismo animal. Como a física está sempre se desenvolvendo através das pesquisas científicas há uma tendência nas pessoas de tentar dar um “ars”de cientificidade usando termos da física como se isto explicasse alguma coisa. É claro que fenômenos elétricos e magnéticos fazem parte do mundo em que vivemos, assim como fenômenos quânticos, porém, no meu entender, nada será acrescentado ao campo da hipnologia se você ficar usando ficções explanatórias, como B. F. Skinner chamava esta tendência de usar conceitos que não explicam nada, apenas parecem explicar. Reitero, creio que chamar a hipnose de hipnose quântica é uma ingenuidade semelhante a de Mesmer, que a chamou de magnetismo animal… Talvez seja uma ingenuidade pior ainda porque significa que muitos colegas ainda desconhecem os caminhos da ciência, sua história e sua metodologia, ou seja, não aprenderam com os erros do passado.
O que se precisa é de pesquisa. Soube que o neurocientista Miguel Nicolelis, agora também no Brasil ( no Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra), chegou a estender um convite para um colega, mas este declinou por razões pessoais, segundo o próprio me disse.
Quanto à hipnoterapia ericksoniana existem cursos em expansão, mas da mesma forma que os comentários que fiz acima sobre conceitos que nada acrescentam, existem alguns aspectos que me preocupam. Um deles é a tendência de atribuir poderes mágicos à Milton Erickson.
Milton Erickson, em particular, chegou a fazer demostrações sobre “ler a mente” de outras pessoas, usando seu treinamento e sua capacidade para ler pistas não-verbais de captação mínima. Fez isto exatamente para mostrar que muitas pessoas, cartomantes por exemplo, iludem ao próximo. Ele era uma pessoa especial, mas creio que não apreciaria ser confundido com um bruxo porque isto seria uma qualidade mágica dificilmente passível de ser ensinada pedagogicamente. Tanto que ao prefaciar a obra de R. Bandler e J. Grinder mostrou sua satisfação com o fato deles estarem conseguindo explicar claramente uma parte do que fazia.
E a outra parte professor Celso? Não estaria aí a bruxaria, o inexplicável?
Bem, você me lembra o argumento do deus das lacunas, ou seja, sempre que alguém diz: Ah! Mas, então a ciência não consegue explicar tudo?! Portanto, só pode ser coisa de deus, ou deuses (se o sujeito for politeísta) ou bruxaria. É o deus das lacunas.
Note, não há lógica em tal tipo de conclusão. O fato de que hoje não se consegue explicar algo, não significa que não poderá ser explicado amanhã. A história do conhecimento está repleta destas passagens. Era impossível o avião, o telefone, o telefone sem fio, decifrar o código genético. E aí está, tudo sendo explicado e realizado. E as lacunas estão dimuindo e o nível de complexidade das perguntas aumentando. As “explicações” religiosas perdem cada vez mais terreno quando confrontadas com a ciência, as perguntas religiosas têm alcance cada vez mais limitado. Porém, muitos se apegam a idéias irracionais, sem a menor lógica.
Esta postura proveniente de um passado de crenças é perniciosa para o conhecimento, pense bem… Se as pessoas não tivessem se dedicado a pesquisar a anestesia, ou como fazer vacinas contra a póliomielite ou contra outras mazelas, ainda estaríamos orando para os deuses e esperando os milagres.
O planeta Terra possivelmente será alvo um dia de algum meteoro, como já foi no passado, há evidências de uma enorme colisão há 65 milhões de anos atrás. A vida neste planeta já esteve ameaçada de extinção. Isto está muito claro hoje.
Há pouco tempo se falou que dependendo da trajetória do meteoro Apophis quando ele passar por aqui em 2029, ele poderá se chocar com o planeta em 2036 ou atingir a lua. Os astrônomos têm monitorado centenas de meteoros e este está sendo observado desde que foi percebida esta possibilidade. Se não for este será outro. O jogo de probabilidades mostra que se algo ocorre no espaço e já ocorreu, então nada impede que poderá ocorrer de novo.
Neil DeGrasse Tyson – Morte por Meteoro Gigante, Apophis (legendado)
Existem duas opções: orar ou elaborar projetos científicos para interceptar ou desviar este meteoro… Os cientistas têm se empenhado em resolver tal questão, e eu recomendaria aos religiosos rezarem para que estes encontrem uma solução a tempo. Se os seres humanos tivessem ficado rezando ao invés de procurar pelas soluções ainda estaríamos num estágio longe de qualquer possibilidade de intervenção sobre o destino da espécie humana. Aqueles que estão bem informados pelas mentes brilhantes, como a de Stephen Hawking, Carl Sagan e outros astrofísicos, sabem que a evolução só poderá prosperar se nós conseguirmos sair do planeta e habitar o espaço. É uma corrida contra o tempo, e depende de um planejamento rigoroso ser levado a cabo. Se um grupo de fanáticos religiosos assume o poder e resolve, digo isto metaforicamente, destruir novamente a Biblioteca de Alexandria, sofreremos um novo atraso que talvez venha a ser fatal desta vez. Se é que já não foi fatal.
Uma breve história de Alexandria e sua grande biblioteca
Na verdade, faço a minha parte alertando e não me deixando corromper por tolices que têm, de modo geral, a finalidade de angariar dinheiro e poder. Para tanto, muitas pessoas, chegam a assumir ideologicamente causas que a história já mostrou que caíram e cairão por terra. Reitero, o próprio Milton Erickson era tremendamente contrário a tais vínculos; infelizmente não me recordo (caso alguém saiba me indique a fonte bibliográfica, por enquanto vale a palavra de Lugão, rs) aonde li sobre as experiências que ele fazia demonstrando os truques de pessoas que diziam ler a mente de outra.
Channel 4 – Richard Dawkins – Os Inimigos da Razão – Escravos da Superstição – Episódio
Vincular à hipnose as idéias pseudocientíficas e espiritualistas é retroagir no caminho da busca de uma prática eficaz e bem fundamentada, seja na clínica ou nos laboratórios de neurociências.
E mais, existe uma única ciência, assim como existe uma única hipnose, como bem colocou o colega Dr. Joel Priori Maia durante o Congresso; embora possamos desenvolver técnicas e abordagens, o fenômeno se processa por bases anátomo-neurofisiológicas padrões. Existem técnicas de indução diferentes mas sempre sobre o mesmo fenômeno ou processo.
Repito, seria como dizer, para efeito de comparação, que o processo digestivo se dá, pela abordagem da ciência “x” da boca p/ o intestino, e na “y” do coração para o cérebro, ou seja, isto seria um absurdo… O sistema envolvido tem que ser o mesmo.
No caso da ciência “a” este foguete sobe e leva o robo até Marte, pela ciência “b” o foguete resolve se revoltar contra o criador e parar na lua para ler os textos dos chamados “pós-modernistas quânticos” (já deve existir tal coisa, rs).
Resumindo, o X Congresso mostrou trabalhos sérios e outros que são produto destas incompreensões sobre a atividade científica; chamaria de pseudociência algumas apresentações, e outras diria simplesmente que são produto de confusões de seus autores. Creio que as comissões de seleção devem ficar atentas e não aceitar inscrições que envolvam a pseudociência ou temas místicos e religiosos.
1/3 Carl Sagan – Última Entrevista
Carl Sagan – Planet Of The Idiots (Planeta dos Idiotas)
Bertrand Russell fala sobre deus (Legendado PT-BR)
Stephen Hawking coloca grandes questões sobre o Universo
Ok professor, quanto à segunda pergunta, iremos ler o artigo recomendado e aguardar pelas próximas publicações. Muito obrigado pelas observações.
Após ter editado este artigo, um meteorito caiu na Russia, em 15 de fevereiro de 2013. Resolvi anexar esta informação para os interessados. Creio que todos deveriam estar interessados, pois isto diz respeito aos fatos que mencionei acima, ou seja, a sobrevivência da vida.
16/02/2013 – 09h05
Meteoro que caiu na Rússia causou danos de US$ 30 milhões
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As autoridades da região de Chelyabinsk, nos Montes Urais, calculam em mais de US$ 30 milhões os danos materiais causados pela queda do meteoro que nesta sexta-feira deixou mais de 1.000 feridos.
Entenda a diferença entre meteoro e meteorito
Insegurança faz russos abusarem de câmeras de para-brisa
Meteoro e passagem de asteroide não estão relacionados, dizem especialistas
Asteroide de 45 m de diâmetro passa ‘de raspão’ hoje pela Terra
Observatórios vigiam asteroides próximos à Terra
Cometa esperado para o fim do ano mobiliza astrônomos
“Ao redor de 100 mil proprietários de imóveis foram afetados. Os danos chegam a mais de 1 bilhão de rublos (US$ 30 milhões)”, disse o governador da região, Mikhail Yurevich, em entrevista coletiva.
Yurevich acrescentou que 30% das janelas quebradas pela onda explosiva do meteoro já foram reparadas, e o restante será consertado durante a próxima semana.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1231817-meteorito-que-caiu-na-russia-causou-danos-de-us-30-milhoes.shtml
O Diamante de Erickson
Em busca de critérios para uma terapia sob medida Prof. Celso Lugão da Veiga
Este artigo tem como objetivo principal expor os critérios diagnósticos sistematizados por Jeffrey K. Zeig através de sua *compreensão da obra de Milton Erickson, bem como citar as fases do processo terapêutico denominado metaforicamente de “O Diamante de Erickson”.
Deve-se observar que um resumo de outras sistematizações pode ser acessado em W. H. O’Hanlon ( 1994).
W. H. O’Hanlon (foto)
Este artigo originalmente foi concebido para apoiar as aulas em cursos de hipnoterapia, e agora pode ser um guia para pessoas e profissionais interessados em conhecer esta abordagem, como por exemplo, os estagiários do Projeto de Psicoterapia Estratégica do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da UERJ.
“As pessoas possuem uma reserva de sabedoria, aprendida e esquecida, porém sempre disponível”. Milton H. Erickson.
(foto de Erickson)
Propositalmente, os tópicos e temas levantados neste artigo têm uma caráter motivacional, ou seja, não se pretende aqui desenvolve-los e explicitá-los, uma vez que isto já está feito nos livros citados, bem como é uma tarefa realizada durante as supervisões e aulas do prof. Celso Lugão.
O material deste artigo, de forma mais extensa, pode ser encontrado na obra “Terapia cortada a la medida” organizada pela Dra. Teresa Robles a partir do seminário proferido por J. Zeig na cidade do México; sendo que em 1993 o Dr. J. Zeig esteve no Brasil ministrando um workshop análogo, tendo o autor deste artigo frequentado o mesmo.
A obra da Dra. T. Robles então foi traduzida com o título Terapia feita sob medida. (vide bibliografia).
Existem ainda dois temas que introduzem o contexto que embasa tal exposição:
–> o primeiro trata de uma breve reflexão sobre os caminhos da ciência e…
–> o segundo açambarca o problema da formação e da informação em psicoterapia.
Os temas para reflexão buscam estimular o pensamento científico (crítico, portanto) alertando para distorções perigosas que não permitem o amadurecimento de soluções para as questões humanas, da vida e do universo como um todo.
As fontes citadas permitem expandir e consultar muitas outras referências que estão na base de tais ideias.
Os temas são descritos abaixo: Processos algorítmicos (a base da vida) e Simuladores. ( Dennett) Os neurônios-espelho – a base da leitura das intenções do outro. (Fleury) Regularidade – ciência, psicoterapia, modelos e estratégias.
Tais temas para reflexão, conforme foi dito, não serão desenvolvidos neste artigo, porém existem referências bibliográficas no índice, assim como outros artigos neste mesmo site que abordam algumas informações pertinentes.
A relevância da formação e da informação, o segundo tema, explica como se forma o estilo de cada terapeuta.
Carl Whitaker e Jay Haley são citados devido as suas conhecidas posições no tocante a aprendizagem deste binômio: formação x informação.
Enquanto Carl Whitaker valoriza a formação, Jay Haley provoca com seus argumentos sobre a supremacia da informação e do treinamento. A obra citada de Salvador Minuchin contém uma sábia análise deste problema. (Vide bibliografia).
Jay Haley (foto)
Daí a anedota transcrita abaixo, que resume a posição de Salvador Minuchin.
(foto Salvador Minuchin)
Certa vez, um velho e sábio rabino escutava com paciência dois de seus alunos mais brilhantes que se encontravam engajados em uma discussão polêmica.
O primeiro apresentou seu argumento com convicção apaixonada.
O rabino sorriu em aprovação. “Isso está certo.”
O outro aluno argumentou o contrário, convincente e claramente.
O rabino sorriu novamente. “Isso está certo.”
Aturdidos, os alunos protestaram.
“Rabino, nós dois não podemos estar certos!”
Carl Whitaker
“Isso está certo”, disse o velho e sábio homem” ( in Minuchin, 2008, p. 11)
Portanto:
Um terapeuta pode estar envolvido com o conteúdo, e então não observa as relações entre as pessoas.
Outro pode perceber o comportamento dos clientes à luz de uma ideologia ou tema. (exemplo: justiça social e misticismo)
O estilo pode estar relacionado com respostas caracteriológicas básicas do terapeuta: evitação de conflitos, um foco exclusivo sobre as emoções ou sobre a lógica.
Ser direto ou indireto na comunicação.
Um se concentra em pequenos detalhes p/ manter a distância, evitando confrontos.
Outro faz preleções, não assumindo as próprias idéias diante do cliente.
“O curioso paradoxo é que, quando aceito a mim mesmo exatamente como eu sou, então eu sou capaz de mudar.” C. Rogers (in Shapiro, 2001,p.101)
Assim, dois terapeutas com uma compreensão teórica semelhante (informação) de um caso clínico e com o mesmo objetivo terapêutico, responderão de duas maneiras diferentes (formação) e idiossincráticas.
Logo, o estilo do terapeuta deve ser percebido e ampliado: o desafio é expandir o repertório.
“O objetivo é um clínico que consiga manejar a si mesmo em nome da mudança terapêutica e, além disso, ser espontâneo.”
S. Minuchin (in Minuchin et alli, 2008, p. 13).
Portanto, toda obra, seja de arte ou/e científica, é um tanto autobiográfica, como no cinema, por exemplo.
Os modelos teóricos e as abordagens em psicologia e em psicoterapia seguem este viés e refletem a personalidade ou sofrem influência do histórico de vida de cada criador.
Neste sentido, as obras de T. Robles, que refletem sua vida, são excepcionais para o propósito do terapeuta examinar a si mesmo, investigar a sua própria vida). Recomenda-se todas.
Coloca-se também um link de uma entrevista concedida pela Dra. Teresa Robles.
Ela recebeu uma homenagem da Fundação Milton Erickson, em “reconhecimento por toda uma vida dedicada a atingir contribuições de destaque no campo da psicoterapia”.
Portanto, antes de prosseguir, se anexa um resumo biográfico sobre M. Erickson
O propósito deste resumo é lembrar, assim como ilustrado na exposição oral que o professor Celso Lugão costuma fazer sobre o filme Tommy (ópera rock do conjunto The Who), que o estilo de cada um é moldado por quesitos extremamente idiossincrásicos.
Recomenda-se fortemente aos interessados assistirem a este filme, dirigido por Ken Russel.
Certamente, deve haver legendas em português no Youtube, mas o que está no link abaixo encontra-se em espanhol:
Desta forma, também a abordagem de Milton H. Erickson está relacionada com a história de sua vida.
A vida de Milton Hyland Erickson (Aurum, Nevada, 5 de Dezembro de 1901 — Phoenix, Arizona, 25 de Março de 1980).
Milton Hyland Erickson nasceu no estado de Nevada – EUA, em 1901 e faleceu em 1980 em Phoenix – Arizona.
Vinha de uma família de fazendeiros e foi criado em ambiente rural até a sua adolescência.
O primeiro fato marcante da vida de Erickson que o acompanhou durante vários anos, foi a questão referente as suas inúmeras dificuldades físicas e de saúde.
Erickson contraiu poliomielite aos 17 anos, ficando totalmente incapacitado de fazer qualquer coisa a não ser falar e mover os olhos durante alguns anos.
As dificuldades e dores físicas estiveram presentes durante sua vida, intercalando episódios de melhora e crises recorrentes de pólio, fazendo com que aos poucos houvesse uma degeneração progressiva de seus músculos e múltiplas deficiências.
A história de Erickson e a sua visão inovadora da psicoterapia são em última análise, a história da superação de suas inúmeras dores e problemas de saúde.
Erickson se interessou inicialmente pelo uso da hipnose no controle e manejo de dor crônica, vindo a desenvolver durante toda sua vida inúmeras técnicas para seu tratamento.
Como ele mesmo coloca: a pólio foi o melhor professor que já tivera quanto ao comportamento humano e seu potencial.
Ensinou a ele a força da motivação, mínimas mudanças comportamentais e um extremo senso de percepção e observação, valorizando o humor e as relações familiares.
Deste ponto em diante seguem os tópicos que resumem o conteúdo que são expostos nas supervisões e aulas, lembrando ainda que podem ser realizados alguns exercícios para que se possa vivenciar algumas das informações; todo este material encontra-se bem explicado no seminário de Jeffrey Zeig organizado pela Dra. T. Robles.
O diamante de Erickson sugere que o terapeuta deve ter em mente os seguintes passos:
Ter uma meta (objetivo)- o chamado estado desejado da terapia, isto permitirá saber p/ onde conduzir a terapia, bem como fixa um ponto que permite ao terapeuta saber se alcançou o objetivo.
Este objetivo deve ser… Embrulhado para presente, ou seja, usam-se as técnicas (metáforas, hipnose, prescrições) p/ passar as sugestões.
Se o objetivo é levantar a auto-estima, por exemplo, podem ser contadas histórias/metáforas, ou usar estados de transe, ou alterar submodalidades (NLP).
Fazer sob medida – significa que além da meta ser passada através de técnicas, isto deve ser feito usando o conhecimento das características marcantes do cliente.
Assim, se uma pessoa é visual o terapeuta deve usar palavras visuais… Veja como é belo este mar.
Se é cinestésico… Sinta como este mar é aconchegante com suas águas na temperatura ideal para você.
Se o cliente é auditivo… Ouça o agradável som das ondas deste mar.
Pelos exemplos, todos podem notar que quem os fez aprecia o mar; então fazer sob medida é usar os valores de cada um.
Logo falar sobre o mar, sentir o mar e ver o mar denota que o mar é valorizado pela pessoa que criou tais exemplos.
Estabelecer um processo – é preciso motivação para levar adiante as mudanças, assim deve-se observar a responsividade, estabelecer metas intermediárias p/ reforçar os ganhos, aplicar conotações positivas para cada etapa alcançada/vencida, passo a passo.
Deve-se criar uma certa cerimônia (ritual/drama) ao se oferecer a meta embrulhada para presente e sob medida, isto é fundamental.
Obs. Vários analistas da obra de Milton Erickson (incluindo J. Zeig) destacam a utilização como um método ou conceito, extremamente poderoso, o qual gera técnicas e até uma postura de vigilância, pois mantém o terapeuta atento, observando aquilo que o cliente traz.
É por demais conhecido o caso do sujeito que dizia ser Jesus Cristo e que foi tratado por Erickson a partir da aceitação deste ponto, acrescentando, e portanto expandindo, o fato de que como Jesus era carpinteiro, tal dote poderia ser utilizado em prol da socialização, reintegração do cliente e aumento da sua auto-estima e do respeito da comunidade. (Sobre este caso ver Haley, 1991)
– a relação dos filhos (+ velho, + novo, caçula, único, temporão).
Rural ou Urbano?
Intrapunitivo ou Extrapunitivo?
Doador ou Absorvedor?
Pesquisador ou Auto-protetor?
Controlador ou Controlado?
Conforme dito, a fonte básica de partida aqui é a obra organizada pela Dra. T. Robles ( 2000), e lembrem-se…
“Mente humana é como paraquedas… funciona melhor aberta” Charlie Chan Liang Luganus.
Bibliografia
BUZAN, T. Mapas mentais e sua elaboração. Cultrix. 2005.
DENNETT, D. A perigosa idéia de Darwin. Rocco. 1998.
ERICKSON, M. Os seminários didáticos de (psicanálise) com Milton Erickson. Imago. 1983. Obs. O título original não tem a palavra psicanálise, a mesma parece ter sido uma jogada (péssima) de marketing da editora que vendia livros de psicanálise. Há uma tradução de outra editora que preservou o verdadeiro título… Seminários Didáticos de Milton Erickson”, Editorial PSY/Campinas, 1995).
FLEURY, H. et alli. Psicodrama e neurociência. Ágora, 2008.
HALEY, J. Terapia não-convencional. Summus, 1991.
MADANES, C. Sexo, amor e violência.Editorial Psy. 1997.
MINUCHIN, S. et alli. Dominando a terapia familiar. ArtMed, 2008.
O’HANLON, W. H. Raízes profundas. Editorial Psy II. 1994.
OMER, H. Intervenções críticas em psicoterapia. Artes Médicas, 1997.
ROBLES, T. Terapia feita sob medida – um seminário ericksoniano com Jeffrey K. Zeig. Diamante, 2000. ( traduzida de ROBLES, T. (1991) Terapia cortada a la medida: un seminario ericksoniano com Jefrey K. Zeig. México: Instituto Milton H. Erickson de la ciudad de Mexico Editorial.)
ROBLES, T. Auto-hipnose. Diamante, 2001.
ROBLES, T. A magia dos nossos disfarces. 2001.
ROBLES, T. Revisando o passado para construir o futuro. Diamante, 2002.
SHAPIRO, F. EMDR. Nova Temática. 2001.
SHORT, D. Estrategias psicoterapéuticas de Milton Erickson. Alom editores, 2006.
ZEIG, J. Hipnose ericksoniana- o lado humano e o trabalho de M. Erickson. Editorial Psy. 1993
Sou supervisor de psicoterapia estratégica do Instituto de Psicologia da UERJ, tendo criado este setor por volta de 1988.
Após ter lido a obra de Richard Dawkins – Deus, um delírio – resolvi ler “A perigosa idéia de Darwin, escrito por Daniel Dennett, autor citado e elogiado por R. Dawkins.
Paralelo a estas leituras e outras, eu estava preparando uma conferência sobre psicoterapia ericksoniana e preocupado em transmitir uma mensagem clara sobre a metodologia científica e o porquê do rigor da atitude científica em relação a certas tendências de mistificar a hipnose ou o trabalho de terapeutas que têm projeção na mídia.
Conforme citei anteriormente, dentre as outras leituras que estava fazendo, havia a obra de Salvador Minuchin et alli. – Dominando a terapia familiar- em cujo prefácio, feito pelo próprio S. Minuchin pode-se ler um dos argumentos que tem sido alvo de muitas considerações por parte dos psicoterapeutas: o dilema da formação e da informação na construção dos profissionais da área clínica, isto é, de psicólogos clínicos ou psicoterapeutas.
S. Minuchin destaca dois psicoterapeutas como representantes radicais dos aspectos deste dilema: Jay Haley é citado defendendo a informação, enquanto Carl Whitaker enfatiza a importância da formação.
S. Minuchin argumenta que concorda com ambos e conclui dizendo que:
“O objetivo [do treinamento] é um clínico que consiga manejar a si mesmo em nome da mudança terapêutica e, além disso, ser espontâneo” (p. 13).
Bem, a tal conferência abordava justamente os ensinamentos extraídos da obra de uma figura lendária – Milton H. Erickson.
Considerado por muitos um gênio na arte da psicoterapia, pode-se dizer que M. Erickson era a síntese viva, a fusão, da formação e da informação.
Muito já se escreveu sobre sua vida e obra e o leitor interessado poderá buscar na bibliografia em anexotais informações.
A partir deste ponto irei desenvolver o artigo e as idéias acima expostas.
O Espantalho
Itzhak Perlman (Iafo, 31 de agosto de 1945) é um maestro e violinista israelense. É considerado um dos maiores violinistas do século XX.
É o solista do filme A lista de Schindler, trabalhando em conjuto com o compositor John Williams. É famoso pela sua interpretação do concerto de Mendelssohn quando tinha apenas 13 anos e pela sua interpretação mãgica do concerto de violino de Beethoven com a orquestra de Berlim.
Perlman contraiu poliomielite aos quatro anos, razão pela qual utiliza muletas para andar e toca violino somente sentado.
The history of the strategic psychotherapy sends to the names of Milton Erickson, Gregory Bateson (the Bateson Project, of 1952), Don Jackson and Mental Research Institute, established in 1958, as well as the ones of Jay Haley, S. Minuchin, B. Montalvo and C. Madanés.
To weave the history of the strategic psychotherapy would exceed the intention of this article; the interested reader can explore the subject in M. Elkaïm(1998).
But after all, what it is strategic psychotherapy and as it is taught in the SPA of the UERJ? According to J. Haley (1991), strategic psychotherapy is any type of therapy where the therapist initiates what it happens during the therapeutical process, creating a specific methodology to approach each problem of the clinical case in question. Of this form, this methodology will include a set of destined techniques to decide the problems; if this does not occur the therapist must reevaluate its strategy until finding a strategy adequate that has led of the conflict for the solution. Ahead of everything this fits to the strategical psychotherapist to study very, to make innumerable specializations, therefore thus it will have ability to use an armory of techniques in favor of the resolution of the problems. One notices therefore that the taught strategic psychotherapy in the SPA of the UERJ, is a style that goes beyond the model considered for J. Haley (1979,1991,1993,1998) and C. Madanés(1997), but in summary harmonizes in relation the central idea of that it has a set of hypotheses on the maintenance of the problem and a set of interventions that are thought in favor of the therapeutical change.
This model of performance, in terms of the Philosophy of Science, either perhaps next to a metateoria (critical study of the theories) of that a particular theory, but this already is another subject.
Celso Lugão da Veiga
Psychologist/Supervisor in strategic psychotherapy/Professor of psychology (UERJ).
A história da psicoterapia estratégica remete aos nomes de Milton Erickson, Gregory Bateson (O Projeto Bateson, de 1952), Don Jackson e o Instituto de Pesquisa Mental (MRI-Mental Research Institute),fundado em 1958, bem como os de Jay Haley, Salvador Minuchin, Bráulio Montalvo e Cloé Madanés.
Foto de Milton H. Erickson.
O período entre 1952 e 1967 foi dedicado mais a pesquisa sobre a terapia do que a sua prática; enquanto que, de 1967 a 1973, o grupo de Filadélfia, composto por B. Montalvo, J. Haley e S. Minuchin, criou um modelo de intervenção e também de formação de terapeutas. Sendo que, em 1975, C. Madanés e J. Haley fundaram o Instituto de Terapia Familiar, em Washington. De lá para cá esta abordagem tem inspirado uma série de terapeutas e instigado um amplo debate sobre a prática das psicoterapias.
Entretanto, tecer a história da psicoterapia estratégica ultrapassaria o propósito deste artigo; o leitor interessado pode explorar o tema em M. Elkaïm (1998).
Foto ao lado –> O jovem Milton Erickson e seu barco. Apesar da poliomielite e das paralisias, Erickson sozinho remou um longo percurso por rios e, além de se fortalecer fisicamente e psicologicamente, aprendeu muito sobre a arte da comunicação e da solidariedade. Como não tinha recursos financeiros e problemas físicos dependia de sua capacidade de comunicação para conseguir auxílio das populações ribeirinhas.
Mas afinal, o que é psicoterapia estratégica e como ela é ensinada no SPA da UERJ?
Segundo J. Haley (1991), psicoterapia estratégica é qualquer tipo de terapia onde o terapeuta inicia o que acontece durante o processo terapêutico, criando uma metodologia específica para abordar cada problema do caso clínico em questão.
Desta forma, esta metodologia incluirá um conjunto de técnicas destinadas a resolver os problemas; se isto não ocorre o terapeuta deve reavaliar sua estratégia até encontrar uma estratégia adequada que leve do conflito para a solução.
Portanto isto cria outra indagação inerente ao campo pedagógico, em especial ao tema da formação (supervisão) em psicoterapia, “o que” e “como” ensinar?.
Se “a terapia estratégica não é uma abordagem particular ou uma teoria, mas um nome para os tipos de terapia nos quais o terapeuta assume a responsabilidade de influenciar diretamente as pessoas” (Haley, op.cit., p. 19), então quais seriam as tarefas de um supervisor? Como seria possível ensinar aos interessados sobre este estilo de praticar a psicoterapia?
Este foi um desafio, iniciado em 1988, no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da UERJ, quando da criação dos estágios em psicoterapia estratégica pelo autor deste artigo, uma vez que sua prática clínica se enquadrava perfeitamente neste estilo de praticar a terapia.
Inicialmente as supervisões giravam em torno de casos clínicos que serviam como ilustrações da maneira de agir, sobre os problemas, de um terapeuta estratégico. E, é claro, havia muita indicação bibliográfica para enriquecer as demonstrações dos casos com as devidas técnicas, as quais eram exercitadas também pelos supervisandos.
Com o passar do tempo, automaticamente, foi criado um novo problema para o estagiário; devido a massa de informações sobre psicoterapia que tinha que ser assimilada e utilizada, e ainda, na maioria das vezes, com o pensamento influenciado pela era das escolas de psicologia, muitos supervisandos ficavam perdidos num mar de conhecimentos sem ter um astrolábio ou uma bússola para se orientarem.
Percebendo-se isto, foram utilizados cinco referenciais clínicos de um ponto de vista epistemológico, assim os neófitos continuariam perdidos, mas agora teriam bússola e mapas… E um supervisor para ensinar o seu uso. Assim, como em qualquer campo do conhecimento, quanto mais dedicação maior seria o aprendizado.
Os referenciais clínicos passaram a ser chamados de referenciais clínicos e epistemológicos, e seus autores e abordagens específicas sempre mencionadas, afinal deve-se evitar a criptomnésia (Merton, 1979, p.73); logo, os referenciais clínicos ganhavam um novo propósito, idealizado pelo autor deste artigo, servir de base pedagógica e chave epistemológica para a abordagem estratégica.
A idéia básica de um referencial clínico ser utilizado de uma perspectiva epistemológica é permitir a organização de informações, sejam estas provenientes da anamnese do cliente, sejam provenientes dos estudos teóricos sobre as técnicas oriundas das diferentes abordagens psicológicas. Portanto, os referenciais permitem organizar, e usar de forma coerente, técnicas da Gestalt Terapia, do Psicodrama, da Análise Transacional, da Programação Neurolingüística, da EMDR , etc.
Partindo-se da premissa que a ciência possui um contexto de descoberta e outro de validação, e que esta migração de um contexto para outro é extremamente complexa em se tratando de psicoterapia, deve-se, baseado na perspectiva pragmática que permeia este campo, pensar na eficácia e na ética; ou seja, a questão filosófica da ética e a diretriz pragmática da resolução dos problemas apresentados pelo cliente (eficácia da terapia) devem estar sempre presentes na formação do psicoterapeuta.
Assim sendo, os referenciais clínicos e epistemológicos funcionam como uma espécie de mapa sobre o qual pode-se pensar em termos de diagnose e de prognose.
O diagnóstico organiza os dados da anamnese e aponta na direção de técnicas e estratégias (metodologia) para a resolução das queixas do cliente. Logo, auxilia na organização dos dados estudados pelo terapeuta também.
O prognóstico será justamente a combinação do conhecimento do terapeuta, diante do caso clínico, forjando uma estratégia específica para os problemas encontrados a fim de percorrer caminhos que levem às soluções.
Através do uso epistemológico destes referenciais, o supervisando poderá exercitar alguns atributos que se espera na formação de qualquer psicoterapeuta: flexibilidade, organização, competência.
Ilustrando o que se declara acima (para em seguida se falar dos referenciais de forma sucinta), poder-se-á utilizar a metáfora de uma viagem: o que se faz quando se quer viajar? Bem… Há um ponto de partida e um ponto de chegada, devem existir obstáculos e recursos para superá-los.
Em termos bem simples esta metáfora ilustra um dos referenciais da Programação Neurolingüística para se pensar sobre psicoterapia: há um estado atual… Há também um estado desejado pelo cliente (resolução do problema apresentado ao terapeuta)… Obstáculos e recursos. Se a queixa do cliente é uma fobia, apenas para ilustrar, este é seu estado atual, seu estado desejado será viver sem aquela fobia. É importante frisar aqui que o estado desejado deve ser formulado de forma positiva, no sentido de algo que existe, por exemplo, se você, voltando à metáfora da viagem, chegasse ao guichê de informações e dissesse que não quer ir à Búzios, não quer ir à Teresópolis e também não quer ir à parte alguma… Para onde você acha que o funcionário te mandaria?!
Isto mesmo, como pessoa treinada e educada para aquela função, ele começaria a fazer perguntas, criando um clima amigável, com a finalidade de obter dados para poder orientá-lo em sua ânsia de viajar.
Da mesma forma, alguns clientes querem parar de ter fobia, querem parar de fumar, ou deixar de serem esquizofrênicos… É a mesma analogia, o estado desejado deve ser um estado positivo; quando você não tiver a fobia vai ter o que no lugar dela?
Assim, se eu moro no Rio de Janeiro este é meu estado atual, o estado desejado não pode ser “não morar no Rio de Janeiro”.
É claro que é preciso que haja uma insatisfação com o estado atual para se nutrir a motivação para mudar, mas a meta é fundamental, é preciso saber para onde se quer ir, como reconhecer o lugar, senão você pode chegar ao local e continuar a viagem.
Logo, através dos referenciais (mapas) o supervisando pode planejar a terapia (viagem); pode pensar nos recursos necessários para alcançar um determinado objetivo, e nos obstáculos que encontrará pela frente durante a viagem.
Portanto, como em uma viagem, o destino (objetivo da terapia) é negociado entre as partes (terapeutas e clientes), sendo que um bom guia turístico (o terapeuta) deve perceber os limites de cada cliente e situação. Imagine um grupo de idosos querendo fazer uma excursão para uma região montanhosa, cheia de trilhas íngremes e escorregadias, com o objetivo de ver as cachoeiras!
Um objetivo para ser alcançado necessita de um avanço estratégico, se você tem uma meta a ser alcançada, certamente precisará chegar antes em outros lugares (submetas), e sempre terá que reunir seus recursos para contornar os obstáculos.
Cabe lembrar também que tudo está em transformação na Natureza, vida e morte coexistem, tudo é mutável. Já dizia Vinicius de Moraes, “como é que dá para entender a gente mal nasce e já começa a morrer”.
Decorre desta forma de pensar o Universo, o entendimento de que um recurso e um obstáculo fazem parte deste processo dinâmico, donde recursos podem se transformar em obstáculos, e obstáculos podem vir a ser recursos.
Para ilustrar, uma bengala pode ser um recurso para recuperar o movimento, mas pode virar um obstáculo impedindo o progresso de uma fisioterapia. (Abaixo, as muletas e o remo do jovem Milton Erickson).
Portanto, em resumo, cada um dos referenciais em psicoterapia é um mapa que ajuda o psicoterapeuta, e por conseguinte o cliente, a pensar sobre como realizar a mudança terapêutica.
Entende-se aqui, então, que toda teoria é um referencial pois aponta (ou pelo menos tenta!) caminhos para a solução do problema.
Baseado nesta idéia, o autor deste artigo, propôs o aproveitamento de alguns referenciais clínicos como epistemológicos, ou seja, os referenciais que eram clínicos, criados por diferentes psicoterapeutas, receberam uma função epistemológica.
Desta forma, independente da era das escolas em psicologia, e até mesmo de uma abordagem psicoterápica específica, seria possível atingir o argumento proposto por J. Haley de que a terapia estratégica é um nome para todo tipo de abordagem pragmática na qual o terapeuta assume a responsabilidade de criar uma estratégia específica para promover as mudanças necessárias.
Assim, diante destas várias questões, buscou-se na epistemologia das psicoterapias a chave para iniciar a composição e a exposição do estilo psicoterápico do autor, perfeitamente enquadrado nesta compreensão de se praticar a terapia.
Os referenciais foram extraídos da Programação Neurolingüística (PNL), da Terapia de Crise e da Terapia Não-Convencional. Porém observe-se que o propósito deste artigo seria por demais estendido caso se explanasse em detalhes cada conceito, assim serão apenas fornecidos esboços de cada um dos referenciais.
Sobre o primeiro referencial (estado atual – estado desejado, etc.) muito já se ilustrou, então passemos a segunda contribuição.
Esta surgiu da sistematização das idéias de G. Bateson feita por R. Bandler e J. Grinder (1984, 1986), idealizadores da PNL. São os chamados cinco níveis lógicos que podem servir tanto como meio de diagnosticar e prescrever o uso de técnicas (finalidade original criada por Bandler e Grinder), quanto de chave epistemológica para integrar as diferentes abordagens terapêuticas, sendo esta finalidade percebida e atribuída pelo autor deste artigo. Assim dito , espera-se evitar a criptomnésia, conceito que se refere à possibilidade de que as idéias estimadas e originais de um cientista possam “ser realmente o resíduo esquecido do que alguma vez foi lido ou ouvido em algum lugar” (Merton, 1979, p.73).
Os cinco níveis lógicos são formados pelos conceitos de identidade, crença, estratégia, comportamento e ambiente. Cada nível permite mapear dados da anamnese do cliente e também organizar as técnicas específicas para atuar no caso clínico, deste jeito, pondera o autor deste artigo, você pode preencher o esquema com técnicas de quaisquer abordagens desde que tenha estudos e treinamento nas mesmas.
Em seguida vem outra contribuição da PNL, desta vez o autor é R. Dilts (1998) e o referencial chama-se “SCORE”; cada letra tem um significado já fornecendo “per se” uma idéia do que se trata: S = sintomas; C = causas; O = objetivos;R = recursos;
E = efeitos (da terapia). Mais uma vez além de permitir a organização dos dados do caso clínico, este referencial serve de chave epistemológica para açambarcar contribuições de várias correntes do pensamento psicológico, por exemplo, no que tange aos recursos empregados ou na formulação e negociação de objetivos da terapia.
O quarto referencial epistemológico e psicoterápico foi se delineando devido ao atendimento de inúmeros clientes em crise, para tanto foi usada a abordagem denominada Terapia de Crise, de A. Moffatt (1987).
Este referencial possui cinco estágios, cada um com subdivisões: contenção, exploração, projeto, contato com o real e separação. Como os demais permite a organização da história clínica e da atuação do terapeuta.
Finalmente o quinto e último referencial, que aqui se pretende utilizar, destaca preocupações e questões pertinentes ao lugar do terapeuta e do cliente dentro da terapia, bem como o objetivo desta e as técnicas para a sua realização. Este referencial provém do estudo da obra de M. Erickson (1902-1980) por J. Zeig (1983, 1993) e é conhecido pelo nome metafórico de “O Diamante de Erickson”. (Bauer, 1998, p.101).
Embora não caiba aqui descrever em pormenores os referenciais, apenas para ilustrar as possibilidades epistemológicas e psicoterápicas diante de um caso clínico será usado o SCORE de R. Dilts.(op. cit.)
Assim, o cliente apresentará suas queixas que serão enquadradas como sintomas (S); deixará transparecer o que pensa, suas crenças, sobre o porquê destas queixas, o que as causa (C) a perturbação e/ou sofrimento; terá objetivo (O) em relação à maneira de conduzir sua vida ; e, haverá uma expectativa diante da nova maneira de se portar diante da vida, isto é, diante dos efeitos (E) da mudança terapêutica.
É claro que com sua experiência o terapeuta poderá locupletar cada item com detalhes não percebidos pelo cliente, por exemplo, a queixa de alguém sobre um estado de humor freqüente pode ser consciente, mas o psicoterapeuta pode observar que esta pessoa também respira mal, se alimenta mal, não se exercita e dorme pouco, talvez até consuma alguma substância prejudicial à saúde! (Alguns dados surgem depois).
Diante de tudo isto cabe ao psicoterapeuta estratégico estudar muito, fazer inúmeras especializações, pois assim ele terá competência para usar um arsenal de técnicas em prol da resolução dos problemas, como no referencial acima os recursos poderiam ser a conjugação de técnicas de PNL, hipnoterapia, gestalt e terapia sistêmica.
Portanto, diante de um caso clínico, o supervisando aprende que pode usar uma técnica oriunda das várias contribuições (Psicanálise, Terapia Cognitivo-Comportamental, Bioenergética, etc.), pois a “terapia estratégica é um modelo pragmático essencialmente dedicado à intervenção clínica” (J. Keim in Elkaïm, op. cit., p.269).
Nota-se, portanto que a psicoterapia estratégica ensinada no SPA da UERJ, é um estilo que vai além do modelo proposto por J. Haley (1979, 1991, 1993, 1998) e C. Madanés (1997), mas em resumo harmonizam-se em relação à idéia central de que há um conjunto de hipóteses sobre a manutenção do problema e um conjunto de intervenções que são pensadas em prol da mudança terapêutica.
Este modelo de atuação, em termos da Filosofia da Ciência, talvez seja mais próximo de uma metateoria (estudo crítico das teorias) do que uma teoria particular, mas isto já é outro assunto.
Celso Lugão da Veiga
Psicólogo especializado em clínica e hospitalar / Supervisor em psicoterapia estratégica do SPA da UERJ / Professor de psicologia (UERJ).
Bibliografia
BANDLER, R. & GRINDER, J. Atravessando. São Paulo: Summus, 1984.
…Resignificando: programação neurolingüística e a transformação do significado. São Paulo: Summus, 1986.
BAUER, S. Hipnoterapia ericksoniana passo a passo. São Paulo: Editorial Psy, 1998.
DILTS, R. A estratégia da genialidade. São Paulo: Summus, 1998.
ELKAÏM, M. (org.) Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.