Sobre elefantes voadores e drogas

dumbo2O vício repousa em uma dissociação, ou seja, conscientemente você sabe que fumar faz muito mal, dá câncer, etc., entretanto a pessoa fuma. Isto acontece além do controle do córtex. A pessoa diz ser capaz de parar a hora que quiser, mas não para. Garante que tem liberdade, mas não tem escolha para dizer não, logo não tem liberdade.

A pessoa nega seu problema. E a negação é a primeira e árdua etapa a ser ultrapassada no tratamento.

 

Neste artigo, há uma entrevista com a Dra. Nora Volkow e trecho de outra com o Dr. Gustavo Leal Meirelles (neurologista), sobre a maconha; também se posicionam o psicoterapeuta Paulo Campos Dias, da Clínica Reviva, e a psiquiatra Lucinda do Rosário Trigo, diretora da Clínica Conviver, contra a leviana proposta da legalização da maconha que está associada ao despertar da esquizofrenia. Foram acrescentados também 03 vídeos no final especificamente sobre as informações em torno da cannabis. O sociólogo Kevin Sabet diz que “A legalização é uma solução simplista para um problema complicado”. Ao analisar o impacto social de drogas legais, ele ressalta que, nos Estados Unidos, o álcool é responsável por mais de 2,6 milhões de prisões por ano. Quase 1 milhão de prisões a mais do que as provocadas por drogas ilegais. O segundo vídeo é uma exposição do psiquiatra Sergio Tamai sobre os efeitos da maconha no cérebro e o terceiro é uma entrevista com o Dr. Valentin Gentil Filho também sobre a cannabis. Bem… Explicando a metáfora do título deste artigo…

DUMBO 1 . “É tentador poder voar como o Dumbo,   além do que ele é bonitinho e aparentemente inofensivo. Entretanto, sabemos que elefantes de verdade não voam e que eles são inofensivos apenas se não  mexermos com eles. O mesmo vale para certas plantas”.   (Trecho de aula proferida no IP – UERJ)A cicuta não irá  te envenenar se você a deixar quieta lá, o mesmo ocorre com a maconha, ela é inofensiva se ficar lá, mas se você interagir com ela, será como o ataque do elefante, no vídeo abaixo, em seu cérebro e em sua vida. Tudo neste planeta tem uma ligação inexorável, podemos perceber o equilíbrio entre as plantas, animais e minerais.  Portanto, enquanto as formas de vida respeitam seus habitats não há dano considerável, mas quando se interage com certas formas o risco é previsível e certo. O vídeo abaixo mostra do que elefantes são capazes quando provocados, o mesmo ocorre com as drogas, inclusive esta que tem sido intencionalmente colocada pelos grupos armamentistas como inofensiva, a perigosíssima cannabis sativa, a maconha.

Alguns vídeos dizem que não se sabe a razão pela qual o animal ficou enfurecido, há outros vídeos que mostram o quanto estes animais sofrem nos bastidores, longe de sua casa. Então, quando ocorrem as mudanças hormonais estes animais ficam agressivos. Você pode ver mais disto no YouTube, se tiver estômago forte. Os bastidores explicam tais comportamentos.

E nos lares dos usuários de drogas, nos bastidores, há muitas constatações também, uma delas é que o convívio entre as pessoas se torna árduo, o usuário vai se fechando em seu casulo, seu quarto, perpetuando uma adolescência indefinidamente.

Claro está que a cannabis tem substâncias, como várias plantas, que podem ter uso medicinal.

O mesmo ocorre com a cicuta, se você a deixar lá na Natureza não haverá problema algum. Cientistas extraem substâncias destas plantas venenosas, mas é tolice liberar substâncias perigosas em mãos despreparadas, e quando falo em mãos isto é uma metáfora, logicamente, para os muitos atributos de um pesquisador qualificado. Você não pode permitir que as pessoas tenham o direito de sair por aí com uma substância radioativa em nome da liberdade do cidadão, ou resolvam nãose tratar de tuberculose e sair espalhando doenças por aí.

O próprio cigarro, que já é um absurdo ser fabricado e vendido, livremente, encontrou o protesto veemente de não-fumantes que não querem ser fumantes passivos. Eu tenho o direito de não querer respirar sua fumaça tóxica. “É, mas na Holanda…” começa sempre um cliente a tentar uma defesa do seu vício. Eu respondo: Se alguém resolveu compartilhar o paladar com as hienas deve ser porque tem um gosto muito exótico e um estômago de abutre.”

popeye

O psicoterapeuta Eduardo Kalina descreveu o uso das drogas como a síndrome de Popeye, a onipotência enlatada, usando a metáfora do marinheiro Popeye e seu espinafre… Basta, diante de encrencas, sacar o espinafre da lata e tudo se resolve…

(Vide Kalina, E. Clínica e terapêutica de adicções. Porto Alegre. Artmed editora. p. 77 – 79). Eduardo Kalina é um dos clínicos que tem lutado para salvar as vidas de quem se mete com as drogas.

Na obra citada acima, do Dr. Eduardo Kalina, também se pode ler sobre o vínculo entre os grupos de poder ligados aos armamentos e a campanha orquestrada por eles para manter uma existência tóxica e assim controlar e prosperar seus negócios (p.109, ibid.) São tais grupos que disseminam a mais de quinze anos idéias como a da legalização da maconha.

Prosseguindo com as reflexões, poderíamos pensar nas seguintes questões, como forma de exercício intelectual…

Se o estupro e o assassinato forem legalizados isto resolve o problema de quem?

 Os cigarros e o ácool são legalizados, e daí?, isto evitou as mortes por cirrose, as pessoas não estão com câncer? Não se viciaram do mesmo  jeito? E a grana recolhida dos impostos? Mesmo que tivesse sido usada para tratar destas pessoas, isto teria sido inteligente? Você fumou e agora tem um belo câncer, que bom que temos verba dos impostos para te tratar!

“E você que fumou e cheirou a vontade após a legalização acontecer, poderemos agora estudar seu cérebro e tratar do que restou!”

 Só mesmo alguém desinformado (epistemologicamente) ou interessado (e há um cordel de políticos e até profissionais de saúde financiados pelo narco-tráfico) pode alegar que a solução para um crime ou patologia deve ser legalizar o processo…

 Doença não se legaliza, se trata.

A cannabis e a cicuta, assim como cascavéis e cogumelos fazem parte da Natureza. Simplesmente aconteceram graças à dinâmica algorítmica evolutiva. Não precisam ser legalizadas, o que quer se legalizar é um vício crônico, por puro interesse… Não há cabimento em se legalizar o Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, assim como não tem cabimento em se legalizar a tuberculose.

 

Qual é o sentido em se legalizar uma doença? Elas já são legalizadas, o que se proíbe é a disseminação e contaminação, se você for conscientemente transar com alguém que tem AIDS, isto é uma forma de liberdade ou de suicídio? E mais, se você transar sem usar camisinha (as luvas do médico!) estará se expondo… E se você não sabia e a pessoa que o contaminou sabia que era soro positivo, então isto é crime, e ela será penalizada por isto. Tráfico de doença!!! A drogadicção é uma doença.

Portanto…

 Legalizar uma doença não é um argumento cientificamente válido, porque as doenças não passam por este crivo. Se alguém foi contaminado por radioatividade deve ser tratado… Mas não se pode permitir que as pessoas saiam por aí com material radioativo. Não se pode permitir que a sociedade seja ameaçada porque alguém quer ser “livre” para andar por aí espalhando o vírus da tuberculose. O conceito de liberdade está inexoravelmente ligado ao conceito de responsabilidade e controle… Somos livres na exata medida em que nos controlamos… Lição da filosofia oriental e ocidental… A meta do budismo e do humanismo.

Quando a ciência da biologia (na medicina) avançou e descobriu a assepsia ficou claro que o médico não tinha mais o direito de não lavar as mãos e deixar de por as luvas. O médico não tem o direito de espernear que quer ser livre para operar sem luvas e esterilização, até porque isto o protege também das infecções.

Oliver Wolf Sacks
Oliver Wolf Sacks

Uma curiosidade, Oliver Wolf Sacks (in Tio Tungstênio – memórias de uma infância química. São Paulo, Cia das Letras. 2002), além de contar o que mais gosta neste mundo… salmão defumado e Bach (p. 185) também traz importante informação histórica sobre os erros da ciência (p. 261-262), ao liberar drogas no passado sem extensa pesquisa, como aliás foi o caso da Talidomida…

Veja dados sobre isto no site da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida http://www.talidomida.org.br/oque.asp

Radithor
Radithor – água radioativa

 Na obra supracitada conta-nos Oliver Sacks que nos EUA, por volta de 1932, médicos receitavam uma ingestão de soluções radioativas como a Radithor para rejuvenescimento, cura de câncer de estômago e doença mental (Sic!!!)… Somente com a morte de um magnata norte-americano chegou ao fim a mania da radioatividade… Seus ossos foram se desintegrando e ele morreu de forma grotesca.

Bem… Assim, como Dumbo pode voar, Popeye pode resolver seus problemas magicamente… Entretanto, me incomoda pensar em tais ícones infantis como exemplo de coisas trágicas, então proponho, se o leitor também se incomoda, a seguinte percepção de tais metáforas (Dumbo e Popeye)… Eles são inofensivos como as plantas, a própria cannabis e a cicuta não me farão mal se eu souber o lugar delas e o meu… Se respeitarmos nossas naturezas. Se entendermos que a magia encantadora de Dumbo ao voar é uma metáfora para crianças, assim como o espinafre de Popeye é mágico, entenderemos que o drogadicto é alguém que se recusa a crescer, por isto fica bravo quando apontam comportamentos pueris, por isto reafirma que já é adulto, diz isto com a boca, a linguagem verbal, mas comporta-se com rebeldia em relação as responsabilidades do mundo adulto. Quer magicamente arrumar sua vida lá fora, sair voando, mas não consegue arrumar seu quarto, lavar suas calcinhas, cuecas e meias. Seu psiquismo preso nos princípios do prazer da infância odeia críticas, abomina que lhe chamem a atenção; tal e qual na infância e nos primórdios da adolescência, o drogadicto ficará congelado nestas fases… O mundo lá fora se transforma, seus amigos arranjam empregos e progridem, constituem famílias ou atingem a autonomia. A doença o imobiliza; drogadicto é uma palavra de origem latina…

ADICÇÃO” em português designa a inclinação, apego de alguém por alguma coisa e “ADICTO“, define o indivíduo propenso à prática de alguma coisa de forma compulsiva. A origem do termo vem do latim, “addictum” – o oferecido. Nos tempos da Roma antiga, o termo designava o indivíduo que, para pagar uma dívida, se convertia em escravo por não dispor de outros recursos para cumprir o compromisso contraído. O adicto se assumia como marginal; alguém que, fatal ou voluntariamente, fora jogado numa condição inferior a que tivera até então. O adicto parece, assim, como aquele que perdeu a sua identidade e, simultaneamente, adotou uma identidade imprópria como única maneira possível de saldar sua dívida consigo mesmo.

Sigmund Freud teorizou sobre a formação do ego, do id e do superego. A criança inicia sua vida com base nos impulsos do Id, tudo que for prazeroso ela quer, o brinquedinho do amiguinho ela quer levar para sua casa… Aí entra a educação, a combinação do superego e dos ego dos pais, dos adultos… A criança começa a formar o princípio da realidade, que será fundamental para seu EGO, que permitirá faze-la chegar ao mundo adulto tolerando as coisas ruins, as frustrações. Afinal, nem tudo são rosas… Há espinhos na roseira!

IMG-20150102-WA0001O drogadicto está preso no dilema do crescimento, talvez apavorado com a percepção precoce da morte, por isto não quer crescer, ir para o futuro. Preferem se trancar em seus casulos… Adolescentes se trancam em seus quartos e um dia, se crescem, saem de lá, tal e qual borboletas passam pela metamorfose para uma nova etapa da vida. Já o drogadicto se refugia com os seus pares, vivem o lado negro da força quando estão juntos em sua tribo… E como somos animais tribais acabam reforçando-se mutuamente, tal e qual zumbis ficam lá curtindo o “bom da vida”… Mas desperdiçam seu tempo de vida…  Talvez seu maior temor se acelere, o medo da morte que está no futuro, pois, com o uso das drogas danifica seu cérebro só para ter um estado alterado de consciência, que poderia ser conseguido de uma forma mais saudável, por exemplo através da meditação.

Mais uma pergunta de uma repórter p/ o Prof. Celso Lugão, (entrevista concedida por  telefonema).

O senhor já foi questionado por seus clientes a respeito de como pode falar de algo que não experimentou?

Resposta: Constantemente… É lugar comum no discurso do cliente que usa drogas, na fase de negação, desafiar o terapeuta com esta colocação.

E o que o senhor faz então?

Cérebro
errata: têm a mente tão aberta

Resposta: Do ponto de vista intelectual a questão é bem simples, eu trabalho com Tanatologia, ou seja, estudos sobre a morte… Se eu precisar morrer p/ estudar a morte, rsss… E, por outro lado, se eu fosse usar a maconha ou cocaína, toda vez que sou desafiado / provocado por um cliente nesta fase de negação do problema, eu creio que já teria tido uma overdose, rsss. Se pensarmos em um cliente com sífilis, ou aids, ou seja lá a mazela que for… Eu não preciso estar doente para saber tratar daquilo. Ouça…

Certa vez um supervisando me trouxe um relatório de uma sessão que ele havia tido com um jovem de seus 13 anos de idade… A questão não eram drogas, mas sim problemas na escola… E o jovem era desafiador; ele havia provocado o aprendiz de psicoterapia jogando uma bola de meia no ventilador da sala e então duvidou que o supervisando (um jovem psicólogo) fizesse o mesmo… Algo do tipo: “Você não tem coragem!”

No relatório estava escrito que meu jovem supervisando então jogara a bola no ventilador. Ele contou-me isto meio que rindo de nervoso, meio que com um “ars” de ter feito uma arte.

Eu perguntei a ele, o que aconteceria se aquela pá tivesse quebrado, como já vi acontecer por falha do produto, e machucado seriamente um deles?

Então perguntei por que ele fizera aquilo?

Meu supervisando me disse que estava fazendo “pacing” com o cliente, “pacing” é algo como “rapport”(relação em francês), “pacing”  vem do verbo inglês, entrar no ritmo. Estar junto do cliente.

Eu disse ao supervisando que ele provavelmente teria que  repensar tal noção, talvez tivesse faltado a supervisão em  que ensinei sobre isto…

Não se faz “pacing” com condutas destrutivas, imagine um suicida provocando na beira de um abismo.. “Você nunca saltou daqui, então como sabe que isto  é ruim?”, rsss.

Não se faz pacto com condutas doentias, o pacto de um psicólogo é sempre em prol da saúde, não se pode aceitar fumar um baseado para ser solidário com o cliente, assim com não se deve pegar aids p/ tratar de um cliente que contraiu a doença.

(Final desta entrevista, segue a entrevista da Dra. Nora Volkow ( Diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, USA).

A psiquiatra mexicana Nora Volkow, 54 anos, é uma das importantes pesquisadoras sobre drogas no mundo.

Quando, porém, o assunto são os danos neurobiológicos que essas substâncias causam, Nora Volkow se destaca. Foi a psiquiatra quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro e foi também ela quem, nos anos 80, mostrou que, ao contrário do que se pensava até então, a cocaína é, sim, capaz de viciar.

Desde 2003 na direção do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, nos Estados Unidos, Volkow esteve no Brasil na semana passada para uma palestra na Universidade Federal de São Paulo. Dias antes de chegar concedeu, por telefone, esta entrevista.

Álcool
Piadas perigosas para quem distorce a realidade

Há quinze dias, um cartunista brasileiro e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT), na forma de um chá conhecido como Santo Daime. Que efeitos essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico?

Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranoia, e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do Santo Daime) agravam esse sintoma, além de aumentar a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz.

Que efeitos essas drogas produzem em um cérebro saudável?

Em alguém que não tenha esquizofrenia, os efeitos relacionados com a ansiedade e com a paranoia serão, provavelmente, mais moderados. Não é incomum, porém, que pessoas saudáveis, mas com suscetibilidade maior a tais substâncias, possam vir a desenvolver psicoses.

Estudos conduzidos pela senhora nos anos 80 provaram que a cocaína tinha, sim, a capacidade de viciar o usuário e de causar danos permanentes ao cérebro. Até então, ela era considerada uma droga relativamente “segura”.

Existe alguma droga que seja segura no que diz respeito à capacidade de viciar e de causar danos à saúde?

Não existe droga segura, a não ser a cafeína. Como ela é estimulante e produz efeitos farmacológicos nos receptores de adenosina, é, sim, uma droga. Mas não há evidências de que vicie nem de que seja tóxica – a não ser que você tenha problemas cardiovasculares. Ainda não sabemos se é prejudicial a crianças e adolescentes, mas para adultos não há nenhum problema.

E a maconha?

Há quem veja a maconha como uma droga inofensiva. Trata-se de um erro. Comprovadamente, a maconha tem efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes. Estudos feitos em animais mostraram que, expostos ao componente ativo da maconha, o tetraidrocanabinol (THC), eles deixam de produzir seus próprios canabinoides naturais (associados ao controle do apetite, memória e humor). Isso causa desde aumento da  ansiedade até perda de memória e depressão. Claro que há pessoas que fumam maconha diariamente por toda a vida sem que sofram consequências negativas, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão. Mas até agora não temos como saber quem é tolerante à droga e quem não é. Então, a maconha é, sim, perigosa.

A senhora concorda que ela seja a porta de entrada para outras drogas?

Se você olhar os dados, verá que a maior parte dos usuários de cocaína começou com a maconha. Mas, ao olharmos os dados de quem fuma maconha, veremos que essas pessoas geralmente começaram com cigarros ou álcool.

Qual seria a verdadeira droga de entrada, então?

Uma das leituras sobre essa questão é que, durante a adolescência, as pessoas bebem e fumam cigarros porque esses produtos estão disponíveis e são legais e, quando crescem, elas se tornam propensas a usar drogas mais pesadas. Uma leitura alternativa é que a exposição à nicotina e ao álcool na juventude faz com que as pessoas fiquem mais vulneráveis aos efeitos de outras drogas. Para mim, essa é a hipótese correta. A exposição precoce às drogas muda a sensibilidade do sistema de recompensa do cérebro. Como esse sistema se torna menos sensível, os dependentes químicos buscam uma compensação nas drogas.

Por que em geral as pessoas começam a usar drogas na adolescência?

O cérebro do adolescente é muito menos conectado do que o de um adulto. Como resultado, os adolescentes não conseguem controlar e regular a intensidade de suas emoções e desejos da mesma forma que os mais velhos. Isso faz com que vivam de maneira mais vigorosa, mas, ao mesmo tempo, assumam riscos maiores, como experimentar drogas.

O uso de drogas na adolescência é mais perigoso do que na vida adulta?

Certamente, porque o cérebro de um adolescente é mais plástico e mais sensível aos estímulos externos que vão moldá-lo. A forma que seu cérebro vai tomar na idade adulta depende muito dos estímulos que você recebeu quando criança e adolescente. O risco de desenvolver o vício também é maior para o adolescente. O motivo é o mesmo: a plasticidade cerebral nessa fase, que faz com que o jovem apreenda informações muito mais facilmente do que o adulto.

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Pai e filho viciados em heroína

Por que é tão difícil quebrar o ciclo de desejo, compulsão e perda de controle que o vício traz?

É difícil porque o cérebro, em consequência do uso de drogas, é modificado de maneira física. A dependência química é uma doença cerebral que muda a bioquímica, a função e a anatomia do cérebro. Ocorre da seguinte maneira: todas as drogas aumentam a concentração de dopamina no cérebro. Quando o sistema dopaminérgico é ativado vez após outra pelo consumo repetido dessas substâncias, ele sofre modificações, de forma que passa a não funcionar mais quando a pessoa não está sob efeito da droga. Com isso, o usuário procura usar mais drogas – para tentar compensar esse déficit.

O que faz alguém se viciar em uma droga?

Isso pode variar de pessoa  para pessoa e de acordo com o tipo de droga. Mas, de modo geral, é preciso que a pessoa seja exposta à substância repetidamente. Mesmo nessas condições, nem todos os usuários se viciam. Porém cerca de 10% deles desenvolvem o vício depois de pouco tempo de uso. Nos casos em que isso ocorre, o usuário tem uma vulnerabilidade que pode ser de ordem biológica ou social. Isso significa que ele pode ter uma predisposição genética para o vício ou estar sob algum tipo de stress que ajudou a disparar o gatilho da adição. Os traumas mais potentes ocorrem na infância: abandono, repetidas negligências, abusos físicos, sexuais, convivência com pais presos ou portadores de doenças mentais. Mas é claro que nada disso resulta em vício se a pessoa não tiver acesso às drogas.

Big Bosta
Big Bosta

É possível curar o vício?

Nós não podemos curá-lo atualmente, apenas tratá-lo. Quando você tem uma infecção bacteriana, toma um antibiótico e está curado. Agora, se você tem asma ou diabetes, tem de tomar algum tipo de medicamento ao longo de sua vida. É um tratamento para sua condição, não uma cura. Hoje, existem apenas tratamentos para o vício, que combinam medicamentos e terapias comportamentais. Estamos desenvolvendo uma vacina contra o vício de cocaína e nicotina, mas são apenas pesquisas ainda.

É possível, depois de se reabilitar, voltar a usar drogas sem se viciar?

Há casos já identificados. Por muito tempo se disse, principalmente sobre o alcoolismo, que, se você é alcoólatra, nunca, mas nunca mesmo, poderá chegar perto de novo da droga. Em pesquisas, há evidências de que alguns alcoólatras conseguem voltar a beber um ou dois copos de vez em quando sem se viciar, mas eles são a minoria. O problema é que não sabemos quem será capaz de se ater a apenas alguns drinques e quem vai se viciar de novo, por isso recomendamos clinicamente que todos fiquem afastados da droga.

Brasília
Sobre a qualidade de nossos políticos

Está em curso no Brasil uma campanha para descriminalizar a maconha. A senhora concorda com isso?

Não concordo porque, ao descriminalizar a maconha, você estará contribuindo para que mais gente a consuma. Há quem não fume por medo da repercussão negativa que a atitude pode provocar – e descriminalizá-la significa dizer: “Se você fumar, está tudo bem”.

Um grupo de pesquisadores brasileiros está discutindo a possibilidade de permitir o uso medicinal da maconha.

Quais são os benefícios já comprovados da droga?

As pesquisas mostram que os canabinóides, inclusive o THC, têm algumas ações terapêuticas úteis. Por exemplo, diminuem a resposta à náusea, o que é muito útil para pacientes com câncer que estão enfrentando uma quimioterapia. Outra vantagem comprovada é que eles aumentam o apetite e podem ajudar a combater a anorexia que acomete pacientes com doenças como a aids, por exemplo. Além disso, podem ter benefícios analgésicos e diminuir a pressão interna do olho, o que pode evitar um glaucoma. O que nosso instituto apregoa é que você pode ter o benefício dos canabinoides sem os efeitos colaterais que resultam do fumo da maconha, como a perda de memória, por exemplo. Por isso, estamos encorajando o desenvolvimento de medicamentos que maximizem as propriedades terapêuticas da droga sem seus efeitos danosos. No mercado americano, já existem algumas pílulas, como a Marinol, que permitem isso.

Em suas pesquisas a senhora descobriu que o córtex orbitofrontal, a principal área do cérebro afetada por quem tem transtorno obsessivo-compulsivo, também está ligado ao vício. É essa a chave da compulsão pelas drogas?

Eu concluí que a pessoa viciada em drogas desenvolve uma obsessão e uma compulsão pela droga similares às daquela que tem transtorno obsessivo-compulsivo. O que o vício e o TOC têm em comum é que ambas as doenças afetam as mesmas áreas do cérebro, aquelas relacionadas aos hábitos e aos controles. Mas, embora o local afetado seja o mesmo e a apresentação dos sintomas se dê de forma parecida, os mecanismos que levam a essas anormalidades não são.

A senhora também estudou a função da dopamina em quem come compulsivamente. Que relações se podem fazer entre a obesidade e o vício em drogas?

Ambos resultam em uma busca compulsiva por uma recompensa: no caso da obesidade é a comida e no caso da adição é a droga. Nos dois, há a perda de controle. Quem é patologicamente obeso come mesmo quando não quer. Podemos dizer que algumas pessoas parecem ser viciadas em comida, embora até o momento isso não tenha sido aceito nas comunidades clínica e científica. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse recentemente que o povo americano tem uma demanda insaciável por drogas.

A senhora acredita que essa demanda é mesmo mais intensa nos EUA do que em outros países?

O prazer oriundo das drogas é uma comodidade que você compra, como um luxo. Então há, sem dúvida, um elemento econômico nessa discussão. Também existem elementos relacionados à estrutura social e às normas. Os americanos são mais tolerantes em relação a comportamentos diferentes do que muitos outros povos. Isso resulta também em maior aceitação do uso de drogas.

A senhora nunca sentiu vontade de experimentar alguma droga?

Bebo de vez em quando um copo de vinho e experimentei cigarros quando era adolescente. Nunca usei cocaína, maconha nem outro tipo de droga ilícita. Amo meu cérebro e nunca pensei em estragá-lo.

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Trecho da entrevista do Dr. Gustavo Leal Meirelles. Veja na íntegra em…

http://www.fasprj.org.br/site/?p=134

E as drogas como a maconha, o LSD, cocaína e outros?

Os Neurônios são as células nervosas, que não se comunicam entre si diretamente, e possuem uma região de espaço entre cada dois Neurônios, que são as Sinapses. Daí, a mensagem eletroquímica, que é o comando cerebral, passa através de receptores de membrana, de hormônios, que passam a mensagem, como se fosse da margem de um rio para a outra margem. A Cannabis, que é a maconha, quando usada, ela se concentra nas margens desses rios, ou seja, ela se impregna nas sinapses, o que significa que ela vai lentificar a passagem da mensagem eletroquímica de um neurônio para o outro. Ou seja, isso tende a lentificar o raciocínio, a prejudicar a escolaridade e a prejudicar o acesso e a permanência no mercado de trabalho. Então, esse é o resultado que teremos, inevitavelmente, com essa escalada de consumo de Cannabis nessa geração que estamos criando e que terá que governar esse país daqui a alguns anos. E isto é muito preocupante.

EFEITOS DA MACONHA
Maconha vicia, causando dependência física e psicológica. Contém THC (tetrahidrocanabinol), substância que causa alterações na memória, atenção, concentração e na noção de tempo e espaço. Maconha é dez vezes mais cancerígena que o tabaco.O THC é lipossolúvel, ou seja, solúvel em gordura, podendo ficar até 25 dias no cérebro do usuário. Atualmente, um único baseado pode conter até 40% de THC, a substância da maconha que vicia. . Maconha é apontada como a segunda causa de acidentes de carro com vítimas fatais.

MACONHA CAUSA ESQUIZOFRENIA
Maconha causa esquizofrenia, afirmam o psicoterapeuta Paulo Campos Dias, da Clínica Reviva, e a psiquiatra Lucinda do Rosário Trigo, diretora da Clínica Conviver.

Esquizofrenia é uma doença mental grave e caracterizada por idéias delirantes, impressão de estar sob a influência de forças estranhas, por introversão e perda de contato com a realidade. Não tem cura, embora se possa administrar dependendo do grau e nível dela; é como uma alergia, a pessoa tem uma sensibilidade especial, se entrar em contato com alérgenos o gen desperta e dependendo da força deste o estrago pode ser maior ou menor.
O psicoterapeuta Paulo Campos Dias, autor de pesquisas sobre maconha publicadas no Brasil e na Holanda, alerta:

-A maconha está induzindo pessoas a quadros psiquiátricos graves como a esquizofrenia e a psicoses agudas. Causa também síndrome amotivacional , perda da capacidade de fazer coisas simples. A maconha causa perfusões no cérebro. Lesiona o cérebro, causando perda de neurônios , tornando o cérebro esburacado. Por isso, faz perder a memória recente e provoca apagamentos.

A psiquiatra Lucinda do Rosário Trigo afirma:

-Está comprovado: maconha causa esquizofrenia e outras doenças psiquiátricas graves. Até algum tempo atrás, acreditava-se que a maconha desencadearia quadros psicóticos em pessoas que tivessem predisposição. Hoje, já está se revendo esse conceito e já se acredita que a maconha possa ser causadora de transtornos mentais, particularmente, a esquizofrenia.

A maconha ao longo dos anos foi sendo progressivamente modificada geneticamente e o teor de THC, o princípio ativo da maconha foi sendo aumentado. Então, a maconha dos anos 60 que, em geral tinha 0,5% de THC hoje está aumentada em até 20% da taxas de THC, o que equivale que um baseado fumado significaria o mesmo teor de intoxicação de 40 baseados.

Isso quer dizer que mesmo que a maconha seja consumida por um curto período de tempo o potencial de causar problemas à personalidade é muito grande.


Esquizofrenia , uma das doenças causadas pela maconha, significa perda da realidade, paranóia, delírios, impressão de estar sob influência de forças estranhas, profundas perturbações afetivas, introversão, e risco de violência para quem convive com o doente.

São doenças que mudam totalmente vidas, relata a psiquiatra Lucinda do Rosário Trigo:
-Esses jovens nunca mais vão conseguir estudar, trabalhar, constituir famílias. Passaram a ser um ônus para suas famílias e para a sociedade. Vão precisar de várias internações. E quando estiverem em suas casas irão precisar de acompanhamento por enfermeiros ou parentes o tempo todo e de remédio para o resto de suas vidas. É um grande sofrimento para eles e para suas famílias.

Tração
Tragicômico para quem está de fora, não é o caso de psicoterapeutas, familiares e do drogadicto, muitos perdem a batalha
Smoking
O uso do humor em relação ao vício é uma faca de muitos gumes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Celso Lugão

Especializações em PSICOLOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR. Exerce ATIVIDADE CLÍNICA fazem mais de 30 anos, tendo criado sua abordagem particular de PSICOTERAPIA ESTRATÉGICA. Possui MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL PELA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Atualmente é professor do INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UERJ tendo criado o setor de PSICOTERAPIA ESTRATÉGICA NO SPA DA UERJ EM 1988 e desde então atua como SUPERVISOR desta abordagem. Participou de forma intensiva do PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA HIPNOSE como TÉCNICA PASSÍVEL DE SER UTILIZADA PELO PSICÓLOGO, fato este reconhecido pela SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPNOSE e pela SOCIEDADE DE HIPNOSE E MEDICINA DO RIO DE JANEIRO. Possui experiência em várias áreas da psicologia, a saber: EPISTEMOLOGIA DAS PSICOTERAPIAS (DESENVOLVIMENTO DE REFERENCIAIS EPISTEMOLÓGICOS E CLÍNICOS; ESTUDO DAS PERSPECTIVAS ESTRATÉGICA, ESTRUTURAL E SISTÊMICA EM RELAÇÃO AO INDIVÍDUO E A FAMÍLIA) ; PSICOLOGIA CLÍNICA E HIPNOLOGIA (TRANSDUÇÃO DA INFORMAÇÃO MENTE-CORPO, PSICOIMUNOLOGIA, TÉCNICAS HIPNÓTICAS, CORPORAIS, PSICODRAMÁTICAS E ESTADOS ALTERADOS DA CONSCIÊNCIA); TANATOLOGIA (MORTE, LUTO E SEPARAÇÕES); PROCESSOS DISSOCIATIVOS (TRAUMA, DISTÚRBIO DISSOCIATIVO DA IDENTIDADE, SÍNDROME DO STRESS PÓS-TRAUMÁTICO, SÍNDROME DO PÂNICO, SUICÍDIO, DROGADICÇÃO, PSICOSES); E ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA SUPERVISÃO (TREINAMENTO, INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO ). (Text informed by the author)

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