Apreciaria deixar registrados “in
memoriam†três fragmentos sobre o amigo
de longa data, versam sobre a pessoa, sua integridade, competência, rigor e
generosidade intelectual.
1° – Certa vez em Petrópolis,
conversando sobre o campo da psicoterapia, sobre temas como o pragmatismo, o
contexto da descoberta e da validação, a filosofia da ciência, a pseudociência…
Da mesma forma que W. A. Mozart tinha uma capacidade de resposta musical
imediata, Helmuth desferiu uma colocação tão precisa quanto esta a seguir que
extraà de um artigo de sua autoria; assim evito qualquer distorção mnemônica.
Honestidade
intelectual, conhecimento profundo, consistente e amplo, e um interesse social
e pedagógico contagiante… Quando percebia que a mensagem havia sido captada
seus olhos azuis brilhavam de satisfação como se dissessem “mais uma missão
cumpridaâ€.
2° – Pergunta
um entrevistador para Helmuth: você observou a psicologia no Brasil florescer e
se modificar ano após ano e ainda hoje permanece publicando, ensinando e
orientando alunos. O que o motiva a prosseguir o seu trabalho?
Este era o nobre e lúcido amigo Helmuth,
preciso com o uso das palavras, sempre alinhadas com um raciocÃnio impecável,
uma forma de pensar elegante e uma generosidade ilimitada para com aqueles que
genuinamente queriam aprender e o consultavam.
3° – Um amigo que foi seu aluno ( R. Salles) , competente profissional, residindo em outro paÃs, quando soube de sua morte enviou-me um áudio… Transcrevo alguns pontos com os quais concordo inteiramente…
A história da PNL e a psicologia da personalidade
(Artigo revisado e ampliado
pelo prof. Celso Lugão da Veiga)
A psicologia, como todo campo de conhecimento,
tem subdivisões e necessita de uma organização para ser compreendida, neste
sentido, na área dos estudos sobre a personalidade se pode utilizar a
compreensão sobre os sistemas psicológicos.
Os sistemas em psicologia açambarcam as
teorias propostas por diferentes autores. Basicamente há temas especÃficos que
são objeto de reflexão e pesquisa em cada sistema.
Tais sistemas são objeto de estudo das disciplinas acima mencionadas, para a finalidade da disciplina psicologia e personalidade serão apresentados três sistemas: o psicanalÃtico, o behaviorismo e o cognitivismo.
Assim, o sistema psicanalÃtico focaliza o
inconsciente, os impulsos inconscientes que motivam e influenciam o ser humano.
O sistema behaviorista preocupa-se com o fator
aprendizagem, as forças modeladoras ambientais das famÃlias e da culturas.
E o sistema cognitivo tem como principal
objeto de estudo as regras internas das pessoas, suas crenças neste sentido…
Estas regras moldam seu comportamento e sua percepção do mundo.
Existem temas de estudo que levam os teóricos
a argumentações que exigem reclassificações ou categorizações do tipo,
neo-psicanalistas e neo-behavioristas… Alguns como A. Bandura e A. Beck
acabam migrando de um sistema a outro por uma questão de coerência intelectual
diante das prescrições metodológicas, de olharem e pesquisarem na direção de
determinados fatos e não de outros objetos de estudo.
Um modelo recente de teoria sobre a personalidade humana foi proposto, indiretamente, pela teoria da programação neurolinguÃstica, criada por R. Bandler e J. Grinder. Trata-se de um modelo cognitivo conforme será exposto.
E foi proposto indiretamente porque
inicialmente seus autores, assim como S. Freud, C. G. Jung e outros, não
estavam preocupados em teorizar sobre a personalidade humana, mas sim em
entender como determinados psicoterapeutas resolviam os problemas clÃnicos com
que se defrontavam.
Desta forma, um pouco de história para explanar tais interesses…
No inÃcio dos anos 70, Richard Bandler, um dos criadores da PNL estudava
Matemática na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.
Essa descoberta se tornou a base para a abordagem inicial, conhecida
como Modelagem da Excelência Humana.
Voltando no tempo… Após demonstrar interesse e conhecimentos em Psicologia, especificamente em Gestalt Terapia, o jovem estudante universitário Richard Bandler, com apenas 22 anos, teve a oportunidade de criar um grupo de estudos voltados para o assunto.
Entretanto, a universidade de Santa Cruz exigiu que um professor
supervisionasse seu trabalho.
O supervisor indicado era
o psicólogo John Thomas Grinder.
Foi o professor J. Grinder que apresentou ao estudante R.
Bandler estes terapeutas e, com isso, possibilitou a R. Bandler conhecer novas abordagens em
psicoterapia.
A união dos conhecimentos e do trabalho de John Grinder e
Richard Bandler tornou possÃvel a criação da Programação NeuroliguÃstica.
O
Desenvolvimento da Programação NeurolinguÃstica
Descobrindo a semelhança de seus interesses, ambos decidiram combinar os
respectivos conhecimentos de computação e linguÃstica, aliados a habilidade
para copiar comportamentos não verbais, com o intuito de desenvolver uma
“linguagem de mudançaâ€.
No começo, às terças de noite,
Richard Bandler conduzia um grupo de
Gestalterapia formado por estudantes e membros da comunidade local.
Frederick Perls
Ele usava como modelo o seu fundador iconoclasta, o psiquiatra alemão F.
Perls. Para imitar F. Perls, R. Bandler chegou a deixar crescer a barba, fumar
um cigarro atrás do outro e falar inglês com sotaque alemão.
Existem algumas variações nas taxinomias
Nas noites de quinta-feira, J. Grinder
conduzia outro grupo usando os modelos verbais e não verbais do Dr. F. Perls
que vira e ouvira seu colega usar na terça.
Quando estudaram pessoas que já haviam se livrado de fobias, eles viram
que todas elas agora pensavam na experiência de medo como se a tivessem vendo
acontecer com outra pessoa – semelhantemente a observar um parque de diversões
à distância… Outro padrão, dissociação (submodalidade dissociada).
O
Encontro com Milton Erickson e sua Abordagem Ericksoniana
Milton Erickson
Prosseguindo… As sensações de fobias desapareciam instantaneamente. Uma descoberta fundamental da PNL havia sido feita: o modo como as pessoas pensam a respeito de algo faz uma diferença enorme na maneira como elas irão vivenciá-la. Ao buscar a essência da mudança nos melhores mestres que puderam encontrar, a dupla de teóricos questionou o que modificar primeiro, o que era melhor mudar e por onde começar.
Coruja, o sÃmbolo da inteligência
Por sua habilidade e crescente reputação, rapidamente conseguiram ser
apresentados a alguns dos maiores exemplos de excelência humana do mundo,
incluindo o Dr. Milton H. Erickson, M.D., fundador da
Sociedade Americana de Hipnose ClÃnica; amplamente reconhecido como o mais
notável hipnotizador do mundo.
Recuperando-se o suficiente para sair do pulmão de aço, ele reaprendeu a
andar sozinho, observando sua irmãzinha dar os primeiros passos. Embora
continuasse precisando de muletas, M. Erickson participou de uma competição de
canoagem antes de partir para a faculdade, onde acabou se formando em medicina
e depois em psicologia. Suas experiências e provações pessoais anteriores o
deixaram muito sensÃvel à sutil influência da linguagem e do comportamento.
Os
BenefÃcios do Transe Hipnótico na Aplicação da PNL
Quando Richard Bandler ligou pedindo uma entrevista, aconteceu de o
hipnotizador atender pessoalmente o telefone. Embora R. Bandler e J. Grinder
fossem recomendados por Gregory Bateson, M. Erickson respondeu que era um homem
muito ocupado. O que telefonou reagiu dizendo: “Algumas pessoas, Dr. Erickson,
sabem como achar tempoâ€, enfatizando bem “Dr. Erickson†e as duas últimas
palavras. A resposta foi: “Venha quando quiserâ€, com as duas últimas palavras
igualmente enfatizadas.
Rapidamente, ele decidiu que aquela era uma novidade tão importante que,
junto com a mulher e sócia, Connirae Andreas, gravou os seminários dos dois
mestres e os transcreveu em vários livros. O primeiro, Frogs into Princes
(Sapos em PrÃncipes – Summus), se tornaria o primeiro best-seller sobre a
Programação NeurolinguÃstica. Em 1979, um extenso artigo sobre PNL foi
publicado na revista Psychology Today, intitulado “People Who Read Peopleâ€.
O modelo de personalidade extraÃdo da Programação NeurolinguÃstica
Robert Dilts
Os cinco nÃveis lógicos foram formulados por R. Dilts (1955 – ) e T. Epstein (1949 – 1995) e fornece um
mapa da personalidade humana, permitindo um diagnóstico sobre cada um destes
nÃveis, e a partir daà podem surgir diferentes intervenções clÃnicas.
O nÃvel
“comportamento†se traduz pelo sistema nervoso motor, basicamente os
movimentos de expansão e recolhimento. As pessoas relaxam ou se tornam tensas
O nÃvel “crença†e
o “nÃvel identidade†estão diretamente ligados ao Sistema Nervoso Autônomo
e ao Sistema Psiconeuroimunológico. As crenças são entendidas como as regras,
os esquemas internos, fruto de aprendizagens conscientes e da introjeção
inconsciente de modelos.
O nÃvel identidade
pode ser entendido como a nossa autopercepção, e ela se desdobra em autoimagem,
autoconceito e autoestima.
Um diagnóstico pode
ser formulado observando-se os cinco nÃveis lógicos da pessoa e as intervenções
podem ter como objetivo alterar certos nÃveis, isto apenas um clÃnico
experiente poderá realizar.
Claro está que uma
mudança em um nÃvel afetará os demais, e as mudanças em nÃveis como a
identidade e as crenças em geral produzem mais efeitos nos outros nÃveis.
Entretanto, apenas colocar um drogadicto numa clÃnica sem adicionar a isto um tratamento para os outros nÃveis lógicos, deve ter como resultado uma pessoa que irá reincidir assim que sair da clÃnica.
Os propósitos deste breve artigo se encerram aqui, segue uma biografia de alguns psicoterapeutas, incluindo o autor deste artigo.
Portanto
isto cria outra indagação inerente ao campo pedagógico, em especial ao tema da
formação (supervisão) em psicoterapia, “o que†e “como†ensinar?.
Quanto as reflexões e orientações da psicologia clÃnica que
aqui serão expostas, estas giram em torno do entendimento de que em quaisquer
das inúmeras abordagens sistêmicas (psicanálise, behaviorismo, existencialismo
e cognitivismo, para resumir) existem parâmetros e protocolos comuns, mesmo que
com terminologias diferentes.
Algumas reflexões impressas em árvores… Um tesouro que teme tesouras e água!
Nos dias atuais, após os inúmeros congressos sobre a
evolução da psicoterapia, se pode asseverar que a metáfora usada por M. H.
Erickson sobre o trabalho terapêutico se aplica a todas as abordagens
sistêmicas… Tal metáfora se refere ao entendimento de que o cliente, seja
este um indÃviduo, um casal, uma famÃlia, ou um grupo de pessoas, pode ser
entendido como uma planta em um solo…
Portanto, ao se cuidar da planta se deve prestar atenção ao solo em que está; a
qualidade, nÃvel, e a quantidade, grau,
de seus nutrientes.
Então,
retornando ao entendimento anterior
sobre protocolos- padrão em todas as formas de psicoterapia, seria importante
um entendimento dos processos que ocorrem durante situações de stress, que H.
Selye chamava de sÃndrome de adapatação geral.
Para uma maior compreensão… Substitua o barulho da chuva
por um panelaço ou pelo som altÃssimo da festa no play abaixo de sua janela…
Se você está estudando para uma prova naquela semana certamente irá perceber o
tremendo cansaço proveniente de tentar manter o foco nos estudos, e logo
chegará a uma terceira fase, a exaustão…
Sons e etc
Nesta fase, em geral o organismo para, desistimos de estudar
e verbalizamos isto… “Não aguento mais, estou exausto!â€
Quando se insiste, por razões de personalidade e/ou necessidade se pode chegar a uma quarta
fase, a morte, a falência geral do organismo.
Luganus e seu Ômega Capuz
Logo, diante das notÃcias sobre a pandemia e sobre tantos
outros aspectos da vida³ temos que manter o foco, isto não signfica que não
está havendo um desgaste proporcional aos estÃmulos que estamos suportando de
forma dissociada. É como varrer a poeira para baixo do tapete, ela ficou em
segundo plano mas está lá, produzindo contaminações, hormônios como cortisol.
Portanto, como o stress faz parte da vida, assim como a
agressividade, e assim como esta se diferencia da destrutividade, o “distress†seria
o mal stress e para lidar com ele alguns pontos são fundamentais…
Junto com este hábito saudável de ingerir água, a prática
diária de exercÃcios, em particular do que se convencionou chamar de exercÃcios de respiração para a coerência
cardÃaca deve fazer parte da rotina das pessoas.
Tais exercÃcios têm a função de aumentar o poder do sistema
psiconeuroimunológico.
Exemplificando um deles. Inspire e faça uma contagem mental,
isto será “xâ€.
Retenha 3x, assim se você contou 3, se x= 3, 3x=9.
Faça isto três vezes seguidas, pela manhã. Ou sempre que
precisar ou quiser.
Isto irá “alinhar†o teu sistema nervoso autônomo, o
ortossimpático e o parassimpático, levando ao estado de coerência cardÃaca, o
que fortalece o teu sistema imunológico.
Segundo a
OMS, a palavra coronavÃrus refere-se ao grupo de vÃrus ao qual pertence, e não
à última cepa. O vÃrus em si foi designado como SARS-CoV-2 pelo Comitê
Internacional de Taxonomia de VÃrus. Os pesquisadores vêm clamando por um nome
oficial para evitar confusão e estigmatização de qualquer grupo ou paÃs.
³Recentemente as pessoas no Rio de
Janeiro, tiveram o problema estadual da contaminação da água, pela geosmina… Os problemas de
segurança, do narco tráfico, das milÃcias, do sistema de saúde e de transporte.
O rompimento de barragens. A ameaça de guerras que sempre gera tensões
internacionais e pessoais, embora se varra para debaixo do tapete para se ir
vivendo, mantendo o foco.
Luganus em 2019 com seu último par de nadadeiras Orca que têm aproximadamente + de 30 anos. A fábrica fechou há muito tempo e com ela este excelente produto entrou em extinção. Não há mais nadadeiras com esta qualidade no mundo onde o obsolentismo planejado impera.
Por isto os casos de drogadicção são muito árduos e exigem muito do psicoterapeuta, e este tem que estar atento para não ser devorado pelo envolvimento com tais pessoas.
Por isto os medicamentos são importantes…É imprescindÃvel em tais casos estarem estes medicados para alterar a bioquÃmica e dar algum gás para se engajarem no tratamento. Bem…
Respondam a uma pergunta dentro da filosofia dicotômica… (Notem que diagnósticos são construÃdos necessariamente por uma epistemologia dicotômica, entretanto um psicoterapeuta não deve tratar/pensar de forma dicotômica seu cliente, depois explicarei isto)…
https://books.google.com.br/books?id=FEFlQ2u1RXEC&pg=PA9&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false Neste link se encontra algumas partes da obra reeditada.
Ele diz… “Hoje está um lindo dia e respira fundo e diz sente-se, relaxe e me conte como posso ajudar”… Comportamento, quarto nÃvel lógico, recurso sendo implantado no 4° nÃvel lógico…
Só assim, mantendo um espÃrito irrequieto, indomável, se pode estar aberto para o conhecimento, por isto Richard Feynman e outros cientistas e pensadores eram eternas crianças, eles mantiveram acesa a curiosidade infantil. O pequeno professor, na linguagem da Análise Transacional de Eric Berne, esta função que habita o eu criança saudável de todos nós.
Quando aprecio criticamente os módulos de psicoterapia dos quais participei como aluno, algumas impressões ficam nÃtidas e, talvez, fosse interessante compartilhar.
Dependendo do peso destas vozes em meu interior  à s vezes achava que havia sido pouco tempo de curso, ou que pouco material havia sido visto, ou que havia conteúdos que precisavam ser expostos primeiro… Enfim, sempre senti certa ambivalência e confusão… E algumas vezes, “depressãoâ€, ao ver os profissionais atuando e ensinando coisas novas… Eu teria que assimilar novos ensinamentos. Recomeçar a construção do estilo já estabilizado.
 Bem, paralelo a isto sempre me ocorria a lembrança das duas faces de Alexander Luria, descritas por H. Gardner… Por um lado… O grande cientista… Por outro lado… A. Luria tinha seus problemas de auto-estima. Eu sentia-me assim, depois fui descobrindo que isto era um processo natural, o meu jeito de digerir as coisas novas. Comecei a não ligar mais para a “depressão da auto-estimaâ€, entendi que se eu não me abatesse, se eu continuasse sendo “superiorâ€, “o senhor- sabe- tudoâ€, estaria desprovido da humildade, abertura ou flexibilidade para ser novamente o aprendiz de mais um feiticeiro, ou de mais um truque. E assim comecei a perceber a minha dinâmica de aprendizagem cada vez mais intensamente, e me preocupando menos com a cobrança da didática. Percebi que só o autoconhecimento facilita o entendimento da posição do outro. A xÃcara vazia deve ficar abaixo do recipiente mais cheio. Sábias palavras ouvidas de um mestre hindu.
Então tudo que eu sentia em relação aos módulos fazia parte de uma transformação tanto do contexto de aprendizagem das terapias (transformação externa) quanto da minha função de terapeuta (transformação interna). Era o terapeuta profissional ¹ de Carl Whitaker se manifestando, tal qual a dor de crescimento dos ossos de adolescentes.
Quanto mais o tempo avança e o terapeuta profissional se debruça sobre estes módulos percebe que, como num romance relido, novas perspectivas surgem.
Quando estive com J. Zeig, durante um almoço em São Paulo, em 1993, no intervalo do curso, pude ouvir de sua boca a declaração já lida em seu livro: “Sempre que revejo os casos de Erickson penso… Agora entendi tudo!… E toda vez que os reestudo torno a descobrir mais coisas que Erickson fezâ€.
Creio que isto se dá com todos aqueles que têm este espÃrito inquiridor e inquieto… Porque nos movemos no tempo amadurecendo e olhando o mundo de novas perspectivas afetivas e intelectuais. Percepções… Novos ângulos.
A frase do poeta  Thomas Stearns Elliot resume bem esta atitude:
“Não cessaremos de explorar e o final de toda exploração será chegar aonde começamos. E conhecer o lugar pela primeira vezâ€.
Hans Jurgen Eysenck, em uma de suas obras, disse que quando um cientista faz declarações fora de sua especialidade, estas têm o mesmo valor das declarações dos leigos, entretanto, por se tratarem de declarações feitas por um cientista, estas têm um impacto social enorme porque pegam emprestado o aspecto de credibilidade da ciência.
A este aspecto, se pode somar ainda as confusões e distorções causadas pela mÃdia, seja por um desconhecimento da atitude de vigilância epistemológica por parte da imprensa, seja por interesses financeiros ou mesmo escusos de certos órgãos de comunicação.
Neste sentido, a epistemologia e a história da ciência, enquanto subdisciplinas de um campo maior,  a Metaciência* nos impõe o imperativo da “vigilância epistemológica”, ou seja, a atenção constante, a reflexão, para evitar a contaminação do processo de produção cientÃfica pelas noções auto-evidentes do senso comum, ou de interesses ideológicos e financeiros.
* (Taxionomia de Karl Madsen, onde meta = discurso crÃtico sobre a ciência; ver Teorias de la motivacion, ed. Paidos)
Tomemos alguns exemplos sobre  a importância da vigilância epistemológica, inicialmente sobre tÃtulos de livros que podem distorcer o que de fato se sabe.
Nas traduções de outras obras… Psychology is about people… Temos, Sexo, pornografia                     e  personalidade de H. J. Eysenck, claramente a tradução em português tem o objetivo de atingir um público mais “animado”, digamos.Â
Irei comentando o que se declara na reportagem com as iniciais de meu nome sinalizadas pela sigla em azul: CLV
Celso Lugão da Veiga = CLV
MACONHA É UMA DAS SUBSTÂNCIAS MAIS SEGURAS’, DIZ ESPECIALISTA. Daniele Piomelli, neurocientista e farmacologista, defende o uso medicinal da planta e diz que pesquisas precisam ir fundo no assunto.
G1: Foi com essa convicção que o neurocientista e farmacologista Daniele Piomelli, considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto, defendeu o uso medicinal da polêmica erva.
CLV: ou seja, fica claro que o pesquisador se refere não a maconha como um todo mas a compostos especÃficos desta; e espera que a ciência supere esta etapa.
Leia abaixo a Ãntegra da entrevista que o cientista deu ao G1.
Ele foi produzido por sorteio de palavras no divertido site Pos-modernism generator e traduzido livremente pelo autor deste texto. (Bessa).  Comecei o texto com esta citação falsa para dar uma ideia de a que sobrevivi.
Semana passada superei um desafio: Li de capa a capa um livro cujo conteúdo eu discordava escrito em uma linguagem que entendo pouco e que, mais importante, me seduz menos ainda. Em um grupo de discussão do qual participo sobre o conceito de ciência nos foi sugerida a leitura e discussão do livro “ Um discurso sobre a ciênciaâ€, do sociólogo português Boaventura de Souza Santos.
Se esta previsão do autor se concretizasse a ciência perderia seu caráter, felizmente ele tem se demonstrado muito ruim de chute.
Em mais um exemplo de malabarismo literário o autor afirma que, em sua ciência pós-moderna, não haverá mais separação do conhecimento em áreas.
Ele pode ser dominado pelo público sem perder seu caráter de ciência. Se valeu o sofrimento da leitura? Como disse o Karl, pelo menos o livro ainda gera discussões e posts.
Texto escrito por Kentaro Mori
in http://www.amalgama.blog.br/02/2011/boaventura-santos-ciencia-pos-moderna/
Formado por ideogramas milenares, o idioma chinês possui uma riqueza digna de tal história: os ideogramas que formam o termo “crise†se constituem daqueles que significam “perigo†e “oportunidadeâ€.
Algo que o sociólogo Boaventura de Souza Santos, em seu Um discurso sobre as ciências (1987), poderia apreciar ao relativizar tanto do contexto cultural e sociológico da ciência, enquanto pretende apontar a crise do “paradigma dominante†da ciência moderna.
Ainda que Reichenbach, assim como Einstein (ou o contrário seria mais correto), tenha sim ressaltado o caráter arbitrário com que se pode definir a simultaneidade de dois eventos, nenhum deles deixou de expor claramente que esta arbitrariedade está vinculada aos quadros de referência adotados, na forma como se realiza a medição.
Não apenas a Relatividade só faz sentido e só foi aceita amparada em um conjunto de resultados experimentais, como seu desenvolvimento mais completo, com a Teoria da Relatividade Geral, só seria alcançado incorporando um embasamento matemático que por vezes escapava ao próprio Einstein. Empirismo e matemática.
Pelo contrário, Einstein jamais aceitou a incerteza, e sua Teoria da Relatividade, ao contrário do entendimento de Santos, ainda lidaria com a possibilidade teórica do determinismo.
Longe de serem revoluções arbitrárias, longe de serem construções culturais, estas revoluções cientÃficas são em si mesmas evidência do caráter objetivo e empÃrico da ciência transcendendo crenças pessoais ou coletivas.
Esses são mais frutos utilitários e, se não absoluta, ao menos efetivamente determinÃsticos e exploratórios da natureza, produzidos pela “crise†da ciência moderna apontada por Santos, e frutos que ele já podia ver em 1985. Podemos não viver no Universo determinÃstico do demônio de Laplace, onde conhecer o presente com absoluta precisão significaria conhecer o passado e prever o futuro, mas a cosmologia perscruta a evolução do Universo há mais de 13 bilhões de anos.
Como muitos, Santos parece pensar que, com Einstein, as Leis de Newton foram demolidas, ou que com o PrincÃpio da Incerteza basta desejar uma bicicleta com suficiente afinco para obtê-la.
A Relatividade não limita a precisão de uma medida em “local†e “distanteâ€, apenas vincula medidas a um quadro de referência, arbitrário, sim, mas obedecendo com rigor abismal a equações matemáticas descritas por Einstein.
Equações, por sua vez, que só encontram seus limites preditivos no mundo da fÃsica quântica – uma que, apesar de possuir caráter probabilÃstico, permite predições com rigor enorme, o mesmo que fundamenta a precisão digital de seu computador.
Ao discutir os rombos da suposta “crise†na ciência moderna, Boaventura Santos discorre sobre as revoluções como se Einstein, Bohr e Heisenberg dessem seus “golpes de gênioâ€, como os que ele, como sociólogo, pretende fazer ao expor em 1985 o estado da ciência atual e especular sobre seu futuro.
Mais de vinte anos depois, vemos como a visão de Santos do que era a ciência em 1985 era limitada, e suas previsões sobre o futuro se mostraram mÃopes.
Perceba como Boaventura Santos pensa que Bohm, Chew ou mesmo Fritjof Capra conseguiriam conciliar a Quântica com Relatividade meramente com uma abordagem filosófica diferente!
É novamente a ideia do “golpe de gênioâ€, e para quem entende que as revoluções cientÃficas da fÃsica moderna (ou mesmo da matemática) se dão de forma meramente cultural, sociológica, para quem anuncia que “o discurso cientÃfico aproximar-se-á cada vez mais do discurso da crÃtica literáriaâ€, isso pode faz sentido.
Enquanto Santos anunciava um novo paradigma cientÃfico assentado na “sensocomunizaçãoâ€, a ciência de verdade seguia sendo revolucionada por descobertas empÃricas que foram de encontro a crenças difundidas na academia, que se dirá no senso comum.
Poucos anos antes, Santos poderia ter mesmo visto como a teoria de deriva dos continentes passou de ideia absurda a um dos principais fundamentos da geologia, graças a uma acumulação cada vez maior de evidências de múltiplas fontes.
Santos deve ter assistido inclusive como as ideias de Fritjof Capra pouco afetaram a fÃsica de verdade, apenas alimentaram um mercado de vendedores de pseudociência que bebe das ideias da “ciência pós-moderna†para explorar consumidores.
Tanto que, para uma visão muito mais presciente e bela sobre o futuro do processo cientÃfico e da popularização do conhecimento, assista-se a esta entrevista com o mesmo Asimov, vide,
Não visualizo duas coisas: a necessidade de uma oposição (uma mesma revolução poderia ser cientÃfica e cultural); e a identificação de cultura com arbÃtrio. Em outro momento vc pergunta, sobre uma realização da cosmologia contemporânea, se aquilo parece um fracasso. Não consigo entender em que ponto isto se opõe ao que disse Boaventura de Souza Santos.
Nos textos citados, ou no significado do vocábulo “criseâ€, não parece existir nada que diga que a ciência estaria fracassando ou que isso seja significativo para o argumento do autor.
Por último, me parece que certa parcela dos autores que divulgam, defendem, ou advogam a causa da ciência (daquilo que estes autores entendem por ciência) aqui no Brasil padece de alguns lugares comuns, como certa condenação de um pensamento, que qualificam como um movimento ou uma corrente, chamado pós-modernismo, pós-estruturalismo, construcionismo, ou desconstrução (que seria representado por autores tão diversos quanto Deleuze, Foucault, parte do feminismo radical, e Frijot Capra).
Não vejo a alegada unidade no pensamento destes autores que permita tal identificação.
Você diz não conseguir compreender as acusações que fiz, mas seu comentário revela que sim as entendeu, apenas prefere conceder o benefÃcio da dúvida a Boaventura Santos, ao mesmo tempo em que diz que não leu o livro.
Eu poderia ter pinçado outros trechos, ou trechos mais longos.
Poderia ter escrito um outro livro criticando em mais detalhe todos os trechos.
Mas a discordância deriva de pressupostos, não do texto.
Eu não afirmei que revoluções culturais se opõem completamente à s cientÃficas, ou que as primeiras seriam puramente arbitrárias enquanto as últimos inteiramente objetivas.
Releia o texto com atenção e me conceda o benefÃcio da flexibilidade de interpretação que concede a priori a Santos.
Apenas, como critiquei o relativismo de Santos, enfatizei o contraponto. Isso não significa que revoluções culturais não tenham relação com a realidade ou que as cientÃficas não possuam aspectos culturais.
Nos textos citados Boaventura fala de “rombosâ€, de “criseâ€.
Ao ler o livro, ficará claro como ele retrata o suposto paradigma cientÃfico como fracassado. O livro se divide em três partes, o que seria o paradigma então vigente, sua crise, e então aquilo que o substituiria.
Tudo isto me fez pensar que, embora eu lhe conceda o benefÃcio da dúvida, o texto de Boaventura de Souza Santos merecia uma suspensão de juÃzo maior de minha parte (não da sua, já que vc o leu).
Com certeza concordo que não existe uma crise das ciências no sentido que vc critica e atribui ao texto do sociólogo (no sentido de uma falta de resultado ou de rigor das ciências exigindo uma superação, um novo paradigma).
Mas vc os coloca todos sobre um mesmo nome (pós-modernistas) e os critica em conjunto, mesmo admitindo que não os lê. Não sei se Boaventura se denomina pós-modernista (acredito que não), mas a categoria esconde um pouco de preguiça mental por parte de certos setores (não estou dizendo que seja o seu caso).
Ainda que um dos ditos autores falasse, isto não nos permite afirmar sobre os outros. Eu sou leitor de Foucault (em menor medida) e Deleuze – dois ditos pós-modernistas.
Entretanto meu mestrado foi em Hume e Deleuze tem um excelente livro (e um artigo posterior) sobre ele.
Boa parte das acusações de abuso da ciência (pseudociência) feitas principalmente a partir do livro do Sokal e do Bricmont (Imposturas Intelectuais) e das resenhas deste livro são ilusórias, na minha opinião.
Confira a resenha do Dawkins (em inglês: http://richarddawkins.net/articles/824-postmodernism-disrobed, não achei em português) sobre o livro, por exemplo. Ele cita um trecho de um livro do Deleuze e diz que não faz sentido.
E, no entanto, faz.
Este tipo de procedimento (denuncismo – “nada disto faz sentidoâ€, colocar autores diferentes no mesmo saco, não ler honestamente um texto, etc) apenas cria uma posição radical e cega que prefere desqualificar do que debater.
Não estou dizendo que vc faça isto, novamente (mesmo pq vc leu o livro e criticou aquilo que leu).
(Haja paciência, repete Lugão, será que este leitor conhece o conceito de projeção de Freud?)
Apenas acredito que o texto não ganha em nada com esta afirmação sobre autores pós-modernistas porque acredito que não existe isso que se convencionou chamar de “autores pós-modernistasâ€.
Mesmo a hipótese de “se concordassem com isto estariam todos errados†não me parece boa.
Espero que tenha ficado mais claro. Saudações, Hugo.
Responder 2. Livio 02/03/2011 em 9:25 am
Lamento dizer, mas os ideogramas “crise†e “oportunidadeâ€, são um erro de tradução que virou lugar comum depois de uso corrente em neurolinguÃstica e new age http://pinyin.info/chinese/crisis.html
Responder o Hugo Silva 02/03/2011 em 2:07 pm
E isto está dito no texto, um pouco abaixo da figura.
Responder 3. Renato 12/11/2011 em 2:59 pm
Em se tratando de paradigmas seria bom lembrar que a proprio pensamento (filosofia) encerra um paradigma linguistico apenas, nada mais. O que o pensamento pode saber eh cada mais sobre o proprio pensamento, nada mais… Eh um jogo linguistico meus amigos!… A filosofia se presta a responder a apenas duas perguntas: “O que eh realidade?†e “O que eh ser?†ou o que somos?… o que vc eh? e falha nas duas… Nao alcança, com a linguagem (conceitos e ideias) a resposta a tal pergunta, pois a linguagem eh o proprio sujeito que pergunta. Tem um ilustre brasileiro (nao me lembro o nome agora…) que disse: Xadrez eh um jogo que ensina a cada vez mais jogar xadrez, nada mais… E assim eh com a linguagem, com a logica com a razao…O importante entao eh perceber o “ser†por traz do paradigma linguistico… Essa eh a grande sacada. Einsten, Born, Heisenberg sim nos proporcionaram um salto filosofico. Nos deram um vislumbre direto do que eh realidade e do que somos nos,… sim, observadores por tras da propria linguagem, da razao e da logica. O espirito dentro da maquina… Nao existe realidade sem o observador…=) O principio da incerteza tem sim relevancia filosofica e diria mais da um golpe fatal na filosofia e sua finada metafisica.
(Lugão diz, mais um gênio se manifestando, deveria voltar para a garrafa. Neste ponto entendo Olavo de Carvalho quando diz: “Quando ouço falar em cultura, saco logo do meu rolo de papel higiênico!”)
P. A Espanha (e outros paÃses) atravessa uma crise econômica que levou a cortes de muitos investimentos em ciência e conhecimento. O que diria ao próximo presidente do Governo da Espanha se lhe pedisse um conselho?
Famous Scientists As Children. Stephen Hawking, J Robert Oppenheimer, Marie Curie, John Von Neumann, Thomas Edison, Charles Darwin, Alan Turing, Albert Einsten.
Naturalmente, as teorias que temos hoje podem ser consideradas erradas no sentido simplista do meu correspondente bacharel em literatura inglesa, mas em um sentido muito mais verdadeiro e mais sutil, elas precisam somente ser consideradas incompletas.